“Tenho sérias dúvidas” que Pedro Nuno Santos consiga chegar a primeiro-ministro

António Cotrim / Lusa

O conselheiro de Estado e antigo líder do PSD, Luís Marques Mendes

“É inaceitável que se passem coisas desta gravidade dentro do Governo e o primeiro-ministro nunca saiba de nada?”, indagou no domingo à noite o comentador Luís Marques Mendes, no seu espaço habitual na SIC, a propósito do caso TAP.

“É inaceitável que os ministros escondam do primeiro-ministro questões essenciais da governação e nada aconteça? A culpa é só dos ministros ou é também falta de liderança e de autoridade do primeiro-ministro?”, continuou, sublinhando que António Costa “não tem responsabilidade neste caso”.

O comentador salientou que “são muitos casos e casinhos” e que Costa “nunca sabe de nada. É muito estranho e alguém tem de esclarecer isto”, referindo que Pedro Nuno Santos é o maior “responsável deste imbróglio” que já se demitiu.

A Inspeção-Geral das Finanças (IGF), nos factos que aponta, “é demolidora para si [para o ex-ministro das Infraestruturas]. Durante muito tempo, Pedro Nuno Santos andou a faltar à verdade. Quando se demitiu, parecia que o seu secretário de estado era um vilão e que ele, ministro, um herói. Um ‘coitado’, que até de demitiu sem ter culpa nenhuma! Afinal, vem a saber-se agora que ele sabia de tudo desde o início”.

Marques Mendes acredita que o ex-ministro sabia da negociação e da indemnização, criticando o facto de o seu ministério não ter analisado nada antes de autorizar a indemnização a Alexandra Reis, que a IGF considerou nula por não ter respeitado os preceitos legais.

“A análise da legalidade feita agora pela IGF é a análise de que o gabinete de Pedro Nuno Santos devia ter feito antes de autorizar tudo. É para isso que os ministros têm assessores”, indicou. Pedro Nuno santos “até pode chegar a líder do PS. Mas com comportamentos destes tenho sérias dúvidas que alguma vez consiga chegar a primeiro-ministro”, acrescentou.

Defendeu ainda que o Governo tinha que demitir Christine Ourmières-Widener, a CEO da TAP, e Manuel Beja, presidente do conselho de administração. “Qualquer gestor sabe, mesmo não sendo jurista e mesmo não falando português, que para nomear e exonerar administradores é obrigatória a realização de uma assembleia-geral da empresa. Não é uma mera formalidade. É um requisito essencial, até porque envolve o Ministério das Finanças”, que “nunca autorizaria uma coisas daquelas”, apontou.

Alexandra Reis teve um comportamento correto, notou. “Se no início esteve mal ao receber uma indemnização milionária e imoral, agora merece ser elogiada pela atitude de a devolver de forma voluntária”, disse.

Quanto à saída da gestora da TAP, indicou que nada justificava essa ação. “É uma teimosia, um capricho, uma guerra de egos, um exercício de poder absoluto por parte da CEO da TAP”.

As divergências apontadas não comprometiam a execução do Plano de Reestruturação da empresa. “Eram divergências normais num órgão colegial em que não tem de estar de acordo sempre”, frisou.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.