A sua dor na lombar é um “presente envenenado” dos Neandertais

Uma nova pesquisa descobriu que três variantes genéticas dos neandertais estão associadas a uma maior sensibilidade à dor mecânica.

Depois de o sexo entre um neandertal e um homo sapiens ter causado mais de um milhão de mortes por covid-19, um novo estudo publicado na Communications Biology revela mais uma herança genética envenenada dos nossos “primos”.

Com base em investigações de 2020, a pesquisa revela que há três variantes genéticas dos neandertais associadas a uma maior sensibilidade à dor mecânica, como as dores nas articulações, escreve o Interesting Engineering.

Em 2020, os cientistas descobriram que cerca de 0,4% das pessoas no Reino Unido possuem três variantes genéticas específicas herdadas dos neandertais—M932L, V991L e D1908G—associadas a uma maior sensibilidade à dor. Estes genes estão particularmente relacionados com um canal de sódio Nav1.7 nas células nervosas chamadas nociceptores, que são responsáveis por detetar sensações como a dor.

O estudo recente visava abordar as limitações geográficas da investigação anterior. “Estendemos estas descobertas ao estudar latino-americanos, mostrando que estas variantes genéticas dos neandertais são muito mais comuns em pessoas com ascendência indígena americana, explica Pierre Faux, autor principal do estudo.

A equipa examinou 5971 indivíduos do Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru com diferentes origens ancestrais e descobriu que estas variantes genéticas eram mais frequentemente encontradas na população peruana, tornando-a mais sensível à dor mecânica, mas não à dor relacionada com calor ou pressão. Em contraste, os seus homólogos brasileiros tinham um menor número destas variantes.

O estudo também examinou outra amostra de 1963 colombianos com uma idade mediana de 22 anos, compreendendo 56,1% de mulheres. Quando testados para diversos estímulos como calor, pressão e tensão mecânica, a equipa descobriu que as variantes genéticas não afetavam a sua sensibilidade geral à dor, mas influenciavam especificamente a sua reação à pressão de picada.

Faux sugere que a alta frequência destas variantes genéticas em indígenas americanos poderia ser resultado dos cruzamentos dos neandertais com os humanos modernos que eventualmente migraram para as Américas.

Esta nova investigação acrescenta mais uma camada de complexidade ao nosso entendimento da evolução humana e do legado dos genes neandertais nas populações modernas.