Intelectuais americanos querem instalar 50.000 refugiados sírios em Detroit

Dois intelectuais norte-americanos propõem que os Estados Unidos acolham 50.000 refugiados sírios na cidade de Detroit (Michigan), que perdeu dois terços da sua população nos últimos 60 anos, numa coluna publicada no jornal New York Times.

“Os refugiados sírios são uma comunidade ideal para realizar este objetivo (revitalizar Detroit), uma vez que os árabo-americanos têm já uma presença vibrante e bem sucedida na área metropolitana de Detroit”, escrevem David Laitin, professor de Ciência Política na Universidade de Stanford, e Marc Jahr, antigo responsável da habitação em Nova Iorque.

Os dois sublinham no artigo que aquela cidade do norte dos Estados Unidos, “em tempos uma grande cidade, tornou-se um vazio urbano”.

Capital histórica da indústria automóvel norte-americana, Detroit declarou falência em julho de 2013, acabando, depois de um longo processo legal, por ver aprovado em 2015 um plano de rescalonamento da dívida de 18 mil milhões de dólares (15,7 mil milhões de euros).

A decadência da atividade económica desencadeou um processo de “esvaziamento” social, com a cidade a passar dos 1,9 milhões de habitantes em 1950 para apenas 700.000 atualmente.

Referindo estes factos e, por outro lado, o número crescente de refugiados da guerra na Síria, mais de dois milhões, Laitin e Jahr sustentam no artigo que “estes dois desastres, humanitário e social, podiam ser reunidos para produzir algo positivo”.

Os dois autores baseiam a sua ideia numa proposta feita em 2014 pelo governador republicano do Michigan, Rick Snyder, para o acolhimento de 50.000 imigrantes para revitalizar Detroit.

“Reinstalar sírios em Detroit vai exigir empenho e cooperação a diferentes setores e níveis do governo, mas é eminentemente praticável”, afirmam, apelando à administração federal que aumente a quota de refugiados e destine 1,5 mil milhões de dólares para este fim.

Acolher refugiados sírios “seria coerente com o compromisso ético e moral dos Estados Unidos” e “enviaria uma poderosa mensagem ao presidente (sírio) Bashar al-Assad, ao (grupo) Estado Islâmico e ao mundo, sobre a solidariedade e a criatividade americanas”.

“Os benefícios para Detroit, para uma população síria devastada e para os ideais americanos valem o esforço de superar a despesa e complexidade administrativa desta proposta? Pensamos que sim”, concluem.

/Lusa

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