Entre 69 a 82% dos doentes que morrem em Portugal necessitam de cuidados paliativos, mas mais de 80% não os têm porque as respostas são insuficientes.
Os maiores hospitais do país, incluindo o Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, não têm unidades de internamento, sendo que oito dos 18 distritos não têm qualquer equipa domiciliária (Braga, Vila Real, Aveiro, Coimbra, Castelo Branco, Leiria, Portalegre e Santarém).
Segundo o Jornal de Notícias, mais de 70 mil doentes continuam sem acesso a cuidados paliativos. Na origem do problema está a falta de recursos humanos e materiais, de equipas em várias zonas do país e de formação orientada para um setor tão específico.
Os números, em termos de equipas, camas e unidades de internamento, está muito aquém do que é recomendado pelo Plano Estratégico para o Desenvolvimento dos Cuidados Paliativos 2017-2018. Além disso, metade das unidades de internamento é de cariz privado.
Atualmente, o Serviço Nacional de Saúde tem 42 equipas intra-hospitalares de suporte em cuidados paliativos, 13 unidades de internamento com 207 camas e 14 unidades da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados com 169 camas.
Edna Gonçalves, presidente da Comissão Nacional de Cuidados Paliativos disse ao jornal que, “embora o número de equipas tenha aumentado muito nos últimos anos, a maioria tem um número reduzido de profissionais”.
“É provável que menos de 20% das pessoas que precisam tenham acesso a equipas específicas de cuidados paliativos”, denunciou a responsável.
Manuel Luís Capelas, do Observatório Português dos Cuidados Paliativos, explicou que as equipas estão muito abaixo em termos de recursos humanos, “em número e em qualidade”. “Temos uma rede de serviços especializados com serviços generalistas”, concluiu.