Doença do ombro congelado é real: ataca as mulheres e não se conhece a causa

Afeta 2 a 5% da população mundial, maioritariamente mulheres. Pesquisa tem sido limitada por preconceito, desconfiança e falta de urgência, mas novos estudos podem quebrar o estigma.

Afeta maioritariamente as mulheres, especialmente aquelas que estão a entrar ou já passaram pela menopausa. Provoca inflamação e dor, especialmente à noite, impedindo o sono e a mobilidade do ombro. A causa é desconhecida.

Há muito negligenciada pela Medicina, a condição “ombro congelado”, de nome científico capsulite adesiva, está agora a ser alvo de um estudo mais escrutinado e estudos recentes já sugerem potenciais tratamentos para aliviar as dores.

O ombro congelado é uma condição que afeta 2 a 5% da população mundial, na sua maioria mulheres com idades entre 40 e 60 anos.

Ao contrário das lesões resultantes de uso excessivo do braço ou trauma, o ombro congelado desenvolve-se com a idade e causa inflamação do tecido conectivo que rodeia a articulação do ombro.

Durante a fase “congelada” da condição, os pacientes podem ficar presos num ciclo de aumento da inflamação, tornando-a progressivamente pior.

Embora existam atualmente tratamentos como esteroides orais ou injetados, fisioterapia e exercícios em casa, não há cura e a condição pode persistir por meses ou mesmo anos.

O que é intrigante é que as mulheres na menopausa são mais propensas a esta condição — três em cada quatro dos pacientes com ombro congelado são do sexo feminino.

Terapia hormonal é a solução?

Pesquisas recentes da ginecologista-obstetra Anne Ford e da cirurgiã ortopédica Jocelyn Wittstein, ambas afiliadas à Escola de Medicina da Universidade Duke, sugerem que a terapia hormonal da menopausa (anteriormente conhecida como terapia de reposição hormonal ou HRT) pode oferecer proteção contra a capsulite adesiva.

O estudo, publicado na Sage Journals, concluiu que as mulheres que fazem terapia hormonal têm um risco significativamente menor de desenvolver ombro congelado em comparação com aquelas que não o fazem.

O estrogénio, hormona que diminui com a idade e cessa a produção durante a menopausa, desempenha um papel crucial na saúde das mulheres. Embora cerca de 50% da população feminina sinta dor nas articulações durante a menopausa, o impacto do estrogénio no sistema musculoesquelético ainda é incompreendido — e os tratamentos eficazes para a dor nas articulações relacionada com a menopausa são escassos.

Embora baseado numa amostra relativamente pequena, o estudo indica uma potencial ligação entre a terapia hormonal e o menor risco de ombro congelado; um passo promissor num campo cuja pesquisa tem sido limitada devido a vários fatores, incluindo a falta de urgência, preconceito na profissão médica e desconfiança pública na terapia hormonal.

ZAP //

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