Jovem apresentou queixa na polícia depois de mais um episódio de discriminação.
Um motorista de uma plataforma de transporte de passageiros em veículo descaracterizado recusou o transporte de um jovem em cadeira de rodas com o argumento de que “não leva mercadoria“, denunciou Lourenço Miguel, de 21 anos, ao Jornal de Notícias. O jovem destacou ainda que este não é um episódio único. “Já ouvi de tudo, já me disseram que não são obrigados a transportar pessoas do meu tipo.”
Também a Associação Salvador diz receber “dezenas de queixas diárias“. No caso de Lourenço, já houve situações em que os motoristas, ao verem a cadeira de rodas, foram embora. No entanto, o tratamento negligente atingiu um ponto máximo na semana passada, quando solicitou uma viatura para o levar ao hospital.
“Foi mau porque houve agressão verbal. O motorista começou por dizer que não tinha de transportar nada que não fosse o passageiro e depois disse que para ir com ele tinha de pagar por fora o preço de um carro XL (mais caro), o que é ilegal. Foi discriminação e má formação“, conta Lourenço. Devido às complicações no transporte, o jovem acabou por chegar 40 minutos atrasado ao hospital, onde tinha tratamentos agendados para a sua doença neurológica.
Lourenço alega ainda que “os motoristas são obrigados a transportar qualquer tipo de passageiros a não ser que seja impossível por ser um carro muito pequeno“. No entanto, lembra, não era o caso. “A cadeira cabia na parte de trás da carrinha, que tinha sete lugares“, lembra. Perante os múltiplos episódios, o jovem avançou com uma queixa na polícia, depois de contactar vários operadoras a quem o motorista em causa estava vinculado.