“Dispararam como chuva”. Arábia Saudita acusada de assassinar centenas de migrantes

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ZAP // Dall-E-2

A Arábia Saudita, historicamente conhecida pelas suas posições controversas em relação aos direitos humanos, enfrenta agora novas acusações.

De acordo com um relatório recente da Human Rights Watch (HRW), as forças de segurança sauditas terão assassinado centenas de migrantes etíopes na fronteira com o Iémen entre março de 2022 e junho de 2023.

O documento, intitulado “Dispararam como chuva“, denuncia que guardas de fronteira sauditas utilizaram armas explosivas para matar migrantes. Outros migrantes, incluindo mulheres e crianças, terão sido baleados à queima-roupa.

A gravidade das ações é tal que a HRW sugere que possam ser caracterizadas como crimes contra a humanidade.

O relatório, assente em entrevistas, imagens de satélite, vídeos e fotografias, revela detalhes macabros.

Alguns dos sobreviventes destes massacres contaram que lhes era perguntado onde preferiam ser baleados, para depois serem alvejados sem piedade. Num dos relatos, uma adolescente descreveu a cena dantesca de acordar rodeada por corpos após um ataque.

Estas acusações, salienta a Deutsche Welle, agravam a já manchada reputação da Arábia Saudita no que toca a direitos humanos. O país tem sido palco de várias denúncias, incluindo o infame assassinato do jornalista Jamal Khashoggi e a sua controversa intervenção na guerra civil do Iémen.

Ao mesmo tempo, tem-se notado uma tentativa de mudar a imagem do país.

Numa estratégia liderada pelo príncipe-herdeiro Mohammed bin Salman, têm sido investidos milhares de milhões de euros em desporto e turismo, numa clara tentativa de rebranding a nível internacional.

Segundo Nadia Hardman, investigadora da HRW, estes investimentos não podem obscurecer os crimes que acontecem à vista da comunidade internacional.

Muitos etíopes procuram melhores condições de vida na Arábia Saudita, país em que cerca de 30% da população é composta por migrantes. Porém, em muitos casos, estes migrantes vivem em condições precárias e são alvo de exploração.

Outras organizações, incluindo o Mixed Migration Centre e a própria ONU, já tinham levantado acusações similares, mostrando um padrão de violência contra migrantes etíopes.

ZAP //

5 Comments

  1. Há muito tempo que se conhecia o comportamento dos dirigentes sauditas, mas como eram “amigos”, a coisa ia sendo varrida para debaixo do tapete. Agora que se tornaram inconvenientes, é que começam a destapar o caldeirão… ???

  2. Onde anda a Nato ? Onde anda os EUA ? Onde anda a UE ? Então aqui não ajudam ? Aqui já não interessa enviar Milhões para ajudar estes Pobres coitados? Será que não existem Riquezas neste Pais para explorarem? Ou será que é um Pais sem interesse Financeiro?

  3. A Arábia Saudita está a candidatar-se para entrar nos BRICS. Logo tem de ter créditos à altura para fazer parte do clube, em particular dos seus líderes China e Rússia, já que aquela também quer ser líder. Não dá pata perceber isso? É que as relações de proximidade têm-se intensificado entre eles (estes e aqueles) e não consta que quaisquer das atrocidades que os mesmos fizeram no passado, ou mesmo esta última atrocidade (denunciada por organismos ocidente) tenham sido denunciadas ou sequer objeto de desagrado daqueles países ou até dos restantes dos BRICS? Como se explica isso?

  4. Continuem a apoiar esses países com realizações e eventos internacionais, continuem a aceitar os seus petromilhões a troco de fechar os olhos, continuem a esquecer que esses(s) regimes ditatoriais fundamentalistas seguem financiando o terrorismo internacional contra a civilização ocidental, continuem…até que seja tarde demais!

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