Há espécies de morcegos que são imunes aos vírus que transportam devido à troca de genes durante os enxames de acasalamento. A descoberta pode ser útil na prevenção de futuras pandemias nos humanos.
Um novo estudo publicado na Cell Genomics revela como a tolerância viral em morcegos Myotis pode prevenir futuras pandemias, abrindo novos caminhos para a ciência na luta contra doenças zoonóticas mortais como ébola e covid-19.
A equipa descobriu que algumas espécies de morcegos estão protegidas contra os vírus que transportam devido à troca comum de genes imunitários durante enxames de acasalamento sazonais.
A pesquisa sugere que a chave para combater pandemias futuras pode estar na imunidade natural destes animais a doenças que frequentemente transmitem aos humanos. “Compreender como os morcegos evoluíram a tolerância viral pode ajudar-nos a aprender como os humanos podem combater melhor as doenças emergentes”, explica a Nicole Foley da Escola de Medicina Veterinária & Ciências Biomédicas da Texas A&M (VMBS).
Através do mapeamento da árvore evolutiva dos morcegos Myotis, os investigadores identificaram genes que podem estar envolvidos na sua imunidade a vírus, um passo crucial para entender a resistência destes mamíferos a doenças.
A descoberta de que genes imunitários são frequentemente trocados entre espécies durante o comportamento de enxame destaca a importância da hibridização na evolução da tolerância viral, relata o SciTech Daily.
O estudo também abordou o desafio de distinguir entre as numerosas espécies de Myotis, que são visualmente semelhantes mas geneticamente distintas, dificultando a análise de sua evolução e imunidade. A equipa desembaraçou o código genético da hibridização, colaborando com investigadores internacionais para sequenciar os genomas de 60 espécies de morcegos Myotis, esclarecendo a verdadeira história evolutiva desses animais.
Os resultados não só fornecem pistas sobre a imunidade a doenças em morcegos, mas também levantam novas questões sobre o papel da hibridização na evolução. A pesquisa sugere que a hibridização pode ter um papel mais significativo na história evolutiva dos mamíferos do que se pensava anteriormente, potencialmente obscurecendo a compreensão dos genomas e das suas organizações.