Diretores de escolas e sindicatos duvidam que medidas anunciadas sejam aplicadas a tempo do fim do ano letivo

Intervenientes pedem alterações mais profundas ao processo de colocação de docentes, já que a solução encontrada será apenas a curto prazo.

Os diretores de escolas e sindicatos duvidam que as medidas de urgência do Governo que visam diminuir o impacto da falta de professores possam ser implementadas em “tempo útil” neste ano letivo. Outra motivo de dúvidas tem que ver com a capacidade de atrair mais professores. Em causa está o levantamento de penalizações que impedem cinco mil professores de concorrerem a vagas nas escolas por terem recusado colocações que lhes foram atribuídas.

No entanto, para que o procedimento seja possível é preciso alterar o diploma que estipula a penalização. Este passo carece de negociações com os sindicatos, nota Vitor Godinho, dirigente da Federação Nacional de Professores (Fenprof) em declarações ao jornal Público. A primeira ronda de negociações está apenas marcada para 18 de maio, com o final do ano letivo previsto para 7 de junho para os alunos que realizarão exames nacionais (9.º, 11.º e 12.º anos) e para 15 de junho para os os restantes. Só o pré-escolar e o 1.º ciclo continuarão em aulas até ao final de junho.

“Se tudo for feito de forma muito célere, ainda haverá algum tempo útil, mas será sempre muito pouco“, descreveu o dirigente. Já Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, entende que o levantamento das penalizações constitui “uma medida administrativa que pode resolver uma parte pequena do problema da falta de professores, que é gigante“.

A opinião do presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel Pereira, é semelhante, já que vê a medida como “uma solução pontual nalguns casos”, mas não nos territórios onde a necessidade de professores é maior, como as regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve, uma vez que muitos dos professores que concorrem aos concursos são do Norte do país.

O dirigente deu ainda um exemplo prático. “Um docente de Santo Tirso foi colocado na Amadora, recusou porque teria gastos incomportáveis de 700 a 800 euros. Ficou sem poder ser colocado. Com esta medida talvez lhe apareça um lugar mais à porta de casa e ele aceite, mas não os que ficam longe pelas mesmas razões.”

ZAP //

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