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O dinheiro era de Putin? A pergunta reina na Suíça (e no mundo)

Sergei Karpukhin / EPA

A acusação não é nada extraordinária mas há uma questão maior em jogo, num processo que está a ser revisto em tribunal.

Quatro altos funcionários da filial do Gazprombank na Suíça são acusados de ajudar a esconder milhões de euros.

O processo já vem do ano passado. Em Março de 2023 um suíço e três russos foram condenados por um tribunal distrital de Zurique: multas de vários milhares de francos cada, embora o Ministério Público tenha pedido uma pena de prisão suspensa de sete meses.

Nesta segunda-feira começa o recurso. A acusação não é nada extraordinária mas na verdade há uma questão maior em jogo, como descreve o Süddeutsche Zeitung.

Há um grande interesse público pelo caso, sobretudo na Suíça.

Os quatro suspeitos são acusados ​​de não verificarem cuidadosamente as contas do seu cliente russo, Sergei Roldugin.

Sergei Roldugin tinha cerca de 50 milhões de euros em contas na filial do Gazprombank na Suíça. Mas, diz o próprio músico, ele nem é empresário. É um violoncelista.

“Violoncelista de Putin”

O “violoncelista… de Putin”, como é conhecido.

Sergei Roldugin, 72 anos, é amigo próximo do presidente da Rússia, Vladimir Putin. A origem dos seus 50 milhões de euros ainda continua por esclarecer.

Em 2016, os ‘Panama Papers’ sugeriram que o dinheiro era de Vladimir Putin. Estas contas seriam uma “carteira de Putin”.

Oficialmente, o presidente da Rússia recebe um salário que não chega aos 10 mil euros por mês.

Não oficialmente, o presidente da Rússia será um dos chefes de Estado mais ricos do planeta. Vladimir Putin terá o seu dinheiro gerido, espalhado, por vários amigos.

Um deles será Sergei Roldugin – e só isso deveria ter sido suficiente para os quatro acusados terem mais atenção às contas em causa, alega o Ministério Público.

Além de a origem ainda não ter sido explicada, as movimentações também são suspeitas: o dinheiro ficava apenas alguns dias nas contas e depois era investido em acções ou transferido para uma conta em São Petersburgo, na Rússia.

O Ministério Público não conseguiu provar que os funcionários violaram conscientemente o seu dever de vigia em relação às contas.

No processo do ano passado, o juiz considerou que era certo que Sergei Roldugin não pode ser o verdadeiro beneficiário real do dinheiro – embora a defesa diga que o violoncelista está nos círculos sociais mais elevados e no círculo mais íntimo do poder na Rússia e, por isso, pode perfeitamente ter juntado uma fortuna.

O processo de recurso começa hoje no Tribunal Superior de Zurique. A defesa tenta absolvição completa e, mesmo que sejam condenados novamente, os quatro acusados ainda podem apresentar novo recurso, no Tribunal Federal de Lausanne.

Neste recurso, o Tribunal Superior de Zurique deve definir nos próximos dias algo que poderá ter implicações nacionais e internacionais: até quando vai o sistema bancário suíço proteger o dinheiro dos oligarcas russos? É a segunda parte de um teste aos esforços da Suíça para combater a lavagem de dinheiro.

O julgamento em torno das contas de Roldugin é especial, não só porque há banqueiros seniores no banco dos réus, mas também porque o “emaranhado financeiro” entre Suíça e Rússia está a originar cada vez mais críticas, lembra o jornal alemão.

ZAP //

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