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Gémeas, mas não tanto. Cientistas detetam diferenças nos discos de galáxias ativas e não ativas

Uma equipa de cientistas do Instituto de Astrofísica das Ilhas Canárias (IAC) comparou a dinâmica dos discos galácticos entre pares de galáxias espirais ativas e não ativas.

Atualmente, há evidências científicas de que os buracos negros supermassivos que residem no centro da maioria das galáxias têm uma grande influência na sua evolução. Em algumas galáxias, o buraco negro consome o material ao seu redor a uma taxa muito alta, emitindo uma grande quantidade de energia.

Nestes casos, segundo o SciTechDaily, diz-se que a galáxia tem um núcleo ativo (ou AGN). O material que alimenta o AGN deve estar inicialmente em regiões distantes do núcleo, na região conhecida como disco da galáxia, girando em torno do centro.

Para Ignacio del Moral Castro, estudar os mecanismos que controlam a relação entre o núcleo ativo e o resto da galáxia é fundamental e, para isso, é importante entender de que forma esses objetos evoluem e se formam. Por esse motivo, o seu objetivo era estudar e comparar galáxias quase gémeas, cuja diferença é a atividade nuclear.

O estudo, publicado recentemente na Astronomy & Astrophysics Letters, consistiu em comparar a dinâmica dos discos galácticos entre os diferentes pares de galáxias gémeas. Para isso, os cientistas utilizaram dados da cartografia CALIFA (Calar Alto Legacy Integral Field Area Survey).

Num primeiro momento, a equipa identificou galáxias espirais ativas dentro do CALIFA e, para cada uma delas, os cientistas procuraram uma inativa que tivesse propriedades globais equivalentes – a mesma massa, luminosidade, orientação, uma aparência semelhante e outros fatores.

A equipa propôs dois cenários para explicar as diferenças dinâmicas entre galáxias ativas e não ativas. Um primeiro cenário sugere que este resultado é fruto da transferência do momento angular entre o gás que caiu em direção ao centro e a matéria que permanece no disco.

O segundo cenário envolve a consideração de uma fonte externa de gás, através da captura de pequenas galáxias satélites próximas. Ambos os cenários são compatíveis com o que foi observado e não se excluem entre si.

“O resultado surpreendeu-nos. Não esperávamos encontrar este tipo de diferenças em grande escala, visto que a duração da fase ativa é muito curta em comparação com a vida das galáxias e com o tempo envolvido nas mudanças morfológicas e dinâmicas”, disse Begoña García Lorenzo, investigadora do IAC e co-autora do estudo.

“Achávamos que todas as galáxias passam por fases ativas ao longo das suas vidas. No entanto, este resultado pode indicar que, afinal, não é bem assim. Caso se verifica, isto significaria uma mudança importante nos modelos atuais“, acrescenta Cristina Ramos Almeida, também cientista do IAC.

ZAP //

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