Há diferenças entre dinossauros machos e fêmeas? Cientistas estão a descobrir a resposta

Havia diferenças entre dinossauros machos e fêmeas? Uma nova técnica estatística está a ajudar os cientistas a responder a esta pergunta.

Na maioria das espécies animais, machos e fêmeas diferem. Isto é verdade para pessoas e outros mamíferos, assim como muitas espécies de pássaros, peixes e répteis. Mas e os dinossauros?

Em 2015, uma equipa de investigadores propôs que a variação encontrada nas placas traseiras dos estegossauros devia-se a diferenças sexuais. Vários cientistas mostraram-se céticos, argumentando que as diferenças entre os sexos, chamadas de dimorfismo sexual, não existiam nos dinossauros.

O debate desencadeado pelo artigo de 2015 fez o coautor Evan Thomas Saitta reconsiderar como os investigadores que estudam animais antigos usam a estatística.

O registo fóssil limitado torna difícil declarar se um dinossauro era sexualmente dimórfico. Mas os investigadores começam a afastar-se do pensamento estatístico tradicional que se baseia em valores e significância estatística para definir uma descoberta verdadeira.

Em vez de procurar apenas respostas sim ou não, os cientistas estão a começar a considerar a magnitude estimada da variação sexual numa espécie, o grau de incerteza nessa estimativa e como é que essas medidas se comparam a outras espécies. Essa abordagem oferece uma análise mais subtil para questões desafiantes na paleontologia, bem como em muitos outros campos da ciência.

O dilema dos dinossauros

Estudar o dimorfismo sexual em animais extintos é repleto de incertezas. Se desenterrarmos fósseis semelhantes da mesma espécie, eles inevitavelmente serão ligeiramente diferentes. Essas diferenças podem ser devidas ao sexo, mas também podem ser causadas pela idade, por exemplo. Também podem ser devido à genética não relacionada com o sexo, como a cor dos olhos em humanos.

Se os paleontólogos tivessem milhares de fósseis para estudar de todas as espécies, as muitas fontes de variação biológica não teriam tanta importância. Infelizmente, a devastação do tempo deixou o registo fóssil dolorosamente incompleto, muitas vezes com menos de uma dúzia de bons espécimes de grandes espécies de vertebrados extintas.

Além disso, atualmente não há como identificar o sexo de um fóssil individual, exceto em casos raros em que existem pistas óbvias, como ovos preservados na cavidade do corpo.

Então, onde é que tudo isto deixa o debate sobre se os dinossauros machos e fêmeas tinham diferenças? Por um lado, as aves – descendentes diretas dos dinossauros – costumam apresentar dimorfismo sexual. O mesmo acontece com os crocodilianos, os parentes vivos mais próximos dos dinossauros.

A teoria evolucionista também prevê que, como os dinossauros se reproduziam com esperma e óvulo, haveria um benefício para o dimorfismo sexual.

Todas estas coisas sugerem que os dinossauros provavelmente eram sexualmente dimórficos. Mas na ciência é preciso ser quantitativo. O desafio é que há poucas análises estatisticamente significativas do registo fóssil para sustentar o dimorfismo.

Tamanho de efeito

A fraqueza da abordagem tradicional que se concentra apenas em se um resultado é estatisticamente significativo levou centenas de cientistas a abandonar os testes de significância com valores-p em favor de algo chamado estatísticas de tamanho de efeito. Usando esta abordagem, os investigadores simplesmente relatariam a diferença medida entre dois grupos e a incerteza nessa medição.

Foi então que Evan Thomas Saitta começou a aplicar estatísticas de tamanho de efeito na sua pesquisa sobre dinossauros. A sua equipa comparou o dimorfismo sexual no tamanho do corpo entre três dinossauros diferentes: o Maiasaura, o Tyrannosaurus rex e o Psittacosaurus, um pequeno parente do Triceratops.

Nenhuma dessas espécies deveria apresentar diferenças de tamanho estatisticamente significativas entre machos e fêmeas de acordo com os valores-p. Mas esta abordagem não capta a natureza da variação dentro dessas espécies.

Quando os autores usaram estatísticas de tamanho de efeito, foram capazes de estimar que o Maiasaura macho e fêmea demonstram uma diferença maior na massa corporal em comparação com as outras duas espécies e que também tiveram uma confiança maior nessa estimativa.

Além disso, todos os fósseis de Maiasaura vêm de um único sítio, de criaturas que morreram ao mesmo tempo. Isto significa que a variação entre os indivíduos provavelmente não se deve ao facto de serem espécies diferentes de diferentes regiões ou períodos de tempo.

Se os investigadores tivessem abordado o problema à espera de uma resposta ‘sim’ ou ‘não’ sobre se machos e fêmeas diferiam em tamanho, teriam perdido completamente todas estas complexidades.

As estatísticas de tamanho de efeito permitem que os investigadores produzam resultados muito mais subtis e informativos.

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