Operação Miríade. Diamantes apreendidos pela PJ valem apenas 290 euros

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(dr) Alrosa PJSC

Os diamantes apreendidos pela Polícia Judiciária (PJ), no âmbito da Operação Miríade, não valem mais do que 290 euros.

A notícia é avançada pelo jornal Público esta sexta-feira, que adianta que os oito diamantes (três em bruto e cinco lapidados) chegaram à PJ depois de um major que estava na República Centro-Africana ter denunciado a situação.

A polícia mandou-os para análise junto de peritos, que concluíram que os três diamantes em bruto valiam cerca de 81 euros, enquanto os lapidados não ultrapassariam os 209 euros.

Como explica o matutino, os diamantes em bruto, que valiam 27 euros cada, são considerados de qualidade industrial e, geralmente, servem apenas para serem feitos em pó e usados na fabricação de material para a construção civil.

Já as pedras lapidadas, que valiam 41 euros cada, apesar de serem de pequenas podem ser usadas na fabricação de jóias em prata ou ouro, mas a um preço muito mais acessível.

Recorde-se que o juiz de instrução Carlos Alexandre decidiu aplicar a medida de coação mais gravosa, prisão preventiva, a dois dos 11 arguidos detidos no âmbito da Operação Miríade.

O magistrado aplicou também medidas de suspensão do exercício de profissão a quatro arguidos, bem como proibições de contactos e de se ausentar do país a oito arguidos. Os nove arguidos que ficaram sem medida privativa de liberdade terão a obrigação de apresentações periódicas nas autoridades.

No entanto, o Público adianta que podem vir a ocorrer mais detenções, uma vez que recaem suspeitas sobre pelo menos mais 66 pessoas e 40 empresas, que foram também alvo de buscas na segunda-feira.

 

Marcelo e Costa já falaram sobre “silêncio” do ministro

Ainda de acordo com o mesmo jornal, que falou com fonte oficial do Governo, o Presidente da República e o primeiro-ministro já falaram sobre o facto de o ministro da Defesa não os ter informado sobre as suspeitas do envolvimento de militares nesta rede de tráfico.

A mesma fonte adiantou que “ambos compreenderam as explicações do ministro da Defesa Nacional e do chefe de Estado Maior General das Forças Armadas”, pelo que “ficou tudo esclarecido”.

Questionado sobre por que razão decidiu informar a ONU sem avisar Marcelo Rebelo de Sousa, Gomes Cravinho acenou com “pareceres jurídicos” que desaconselharam a comunicação às mais altas instâncias do Estado.

O Público sabe que os pareceres em causa foram elaborados dentro do próprio Ministério da Defesa, pelos juristas que se encontram ao serviço do gabinete desde os tempos do ex-ministro Azeredo Lopes que, recorda o matutino, também não informou o chefe de Estado nem o chefe do Executivo sobre a recuperação do material furtado em Tancos.

São, portanto, pareceres de mera recomendação, pelo que a decisão de não comunicar o que se passava é exclusivamente do foro político de Gomes Cravinho.

 

PSD, BE e PCP querem audição urgente do ministro da Defesa

O PSD, o BE e o PCP já pediram audições urgentes do ministro da Defesa Nacional, do Chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA) e do Chefe de Estado-Maior do Exército (CEME).

“Face à situação tornada pública do comportamento do senhor ministro da Defesa, o grupo parlamentar do PSD quer ouvi-lo com sentido de muita urgência na comissão parlamentar de Defesa Nacional”, disse à agência Lusa o presidente da bancada social-democrata, Adão Silva.

“É completamente inaceitável este comportamento, que revela uma estranha desconfiança do senhor ministro em relação ao primeiro-ministro e em relação ao Presidente da República, que é só o comandante supremo das Forças Armadas”.

No mesmo dia, o Bloco de Esquerda pediu as audições urgentes não só do ministro, mas também do Chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA) e do Chefe de Estado-Maior do Exército (CEME).

Na perspetiva dos bloquistas, têm “surgido perguntas que merecem um cabal esclarecimento por parte das entidades com responsabilidades na administração direta do Estado e da Defesa Nacional”.

“Há, desde logo, duas questões que importa esclarecer. Primeiro, deve ser dada uma explicação cabal sobre os processos de controlo à chegada ao território nacional destes militares transportados em aviões da Força Aérea Portuguesa e outras aeronaves ao abrigo das missões da ONU”, sustentam.

A segunda questão tem a ver com a “partilha de informação e a tomada de decisão política após o conhecimento das informações que levaram à abertura da investigação judicial”.

“Não se encontra qualquer razão para que a informação sobre a existência desta rede criminosa – aliás partilhada com as Nações Unidas – não tenha sido partilhada com outros órgãos de soberania do Estado português”, contesta.

Entretanto, o PCP anunciou que viabiliza os pedidos do PSD e do BE para que o ministro da Defesa seja ouvido com urgência no Parlamento. Em declarações aos jornalistas, o deputado comunista António Filipe considerou que este caso é grave, porque atinge o prestígio das Forças Armadas e coloca em causa a imagem externa do país.

O comunista considerou, no entanto, que é secundária a questão política no sentido de se apurarem as razões que levaram o ministro da Defesa a não comunicar nada ao Presidente da República.

Questionado pelos jornalistas sobre estes pedidos de audição urgente, João Gomes Cravinho disse que “qualquer membro do Governo está sempre disposto a ir ao Parlamento“.

ZAP // Lusa

4 Comments

  1. Estao 40 empresas envolvidas por 200 euros, esta notícia é só areia para os olhos. Até os partidos já estão a ver por que razão não foi passada informação, devem estar todos envolvidos nisto, claro se toda a gente soubesse da investigação era logo abafada, provavelmente a começar pelo primeiro ministro e pelo presidente da república.

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