Diabetes: cerca de meio milhão de portugueses tem a doença e não sabe

Quase metade dos portugueses com diabetes tipo 2 (que representa entre 90% a 95% dos diabéticos em Portugal) desconhece ter a doença. É fundamental fazer análises, para despistar; e vigiar o peso, ser fisicamente ativo e ter opções alimentares adequadas, para prevenir.

Segundo o relatório anual do Observatório da Diabetes 2023, há mais de um milhão de diabéticos, em Portugal; mas cerca de 40% não sabe que têm a doença.

De acordo com o endocrinologista Davide Carvalho, isso acontece porque, habitualmente, essas pessoas não têm sintomas e não vão ao médico.

“Quando nós analisamos, por exemplo, a percentagem de doentes que estão por diagnosticar, em média, anda à volta dos 40%, mas, por exemplo, entre os 30 e os 40 anos pode atingir os 60%, porque estas pessoas são ativas profissionalmente e não vão ao médico e não fazem análises”, explicou.

Em entrevista à agência Lusa, Davide Carvalho explicou que os sintomas da diabetes “são mais ou menos conhecidos” – ter muita sede, urinar muito e ter tendência a beber muitos líquidos – que aparecem numa fase doença “mais avançada”, em que já é sintomática.

Análises de ano a ano

O também professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto referiu que as pessoas deveriam fazer análises idealmente uma vez por ano, mas, observou, se fizerem entre três e cinco anos, a maioria acabaria por ser diagnosticada.

Em Portugal, estima-se que mais de um milhão de pessoas viva com a doença, ampliada, sobretudo, por erros alimentares e falta de atividade física, além dos fatores hereditários.

“A diabetes pode encurtar a esperança de vida em cerca de sete anos em cada doente diabético, se for [diagnosticada] relativamente cedo”, afirmou.

Em Portugal, cerca de 90% a 95% dos diabéticos têm diabetes tipo 2, tendo uma menor frequência de diabetes tipo 1 em comparação, por exemplo, com os suecos e os finlandeses.

Alimentação saudável

Davide Carvalho ressalvou que para reverter a diabetes, numa primeira fase, é necessário iniciar “uma dieta muito restritiva”.

O endocrinologista lembrou ainda que o coronavírus SARS-CoV-2, que provoca a covid-19, pode levar à destruição da célula-beta (que produz insulina no pâncreas), originando uma diabetes “muito parecida” a com a diabetes tipo 1, insistindo em campanhas de sensibilização, de modo a prevenir o aumento de doentes diabéticos, que poderá chegar aos 1.300 milhões em 2050 no mundo.

“Tem de haver medidas (…), como taxação aplicada aos produtos, como refrigerantes, com excesso de açúcar, as taxas maiores nos produtos que contêm excesso de sal também”, considerou Davide Carvalho.

“Tem havido algumas medidas. Claro que não chegam. Passa muito também por uma atitude individual. (…) Cada um é um pouco médico de si mesmo e, portanto, tem de tomar as medidas que lhe permitam reduzir o seu peso, vigiar o peso, manter-se fisicamente ativo e ter opções alimentares adequadas à sua situação”, destacou.

ZAP // Lusa

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