Desvendados os segredos das cartas perdidas de uma rainha aprisionada

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National Portrait Gallery / Wikimedia

Maria, rainha dos escoceses.

Investigadores encontraram 57 cartas codificadas, enviadas há mais de quatro séculos por Maria da Escócia, enquanto por Isabel I da Inglaterra. As cartas foram desvendadas e o seu conteúdo tornado público.

Até agora, pensava-se que as cartas tinham sido perdidas ou destruídas, mas foram encontradas nos arquivos online para documentos codificados da Biblioteca Nacional de França.

As cartas não tinham sido encontradas até agora porque foram mal categorizadas pela biblioteca francesa. O catálogo listava as cartas como datadas da primeira metade do século XVI e relacionadas com assuntos italianos, segundo a IFLScience.

Ao analisar as cartas, a equipa de investigadores rapidamente encontrou referências a Maria da Escócia e ao nome “Walsingham” — o principal espião da rainha Isabel, cujas investigações levaram à execução da rainha escocesa.

“Ao decifrar as cartas, fiquei muito confuso e parecia surreal”, disse o criptógrafo George Lasry em comunicado citado pelo Scimex. “Nós descobrimos códigos secretos de reis e rainhas anteriormente, e eles são muito interessantes, mas com Maria da Escócia foi notável porque tínhamos tantas cartas inéditas decifradas e porque ela é tão famosa”.

Maria foi presa por conspiração contra a rainha inglesa e executada em 1587. A vida de Maria da Escócia é uma história fascinante de política, drama e traição. A monarca é frequentemente retratada em filmes, livros e peças teatrais.

Enquanto esteve presa, Maria da Escócia enviou uma série de cartas codificadas, de forma a proteger os seus segredos políticos e diplomáticos dos seus inimigos. Na altura, a criptografia era uma ferramenta comum para líderes políticos e militares manterem a privacidade das suas comunicações.

O que continham as cartas?

“Juntas, as cartas constituem um corpo volumoso de novo material primário sobre Maria – cerca de 50.000 palavras no total, revelando detalhes sobre alguns dos seus anos de cativeiro em Inglaterra”, salientou Lasry.

The National Archives

Detalhe da cifra usada para encriptar as cartas de Maria da Escócia.

As cartas falam dos mais variados assuntos, desde reclamações sobre as condições precárias em que vivia a opiniões sobre relações internacionais e reflexões sobre as negociações para a sua libertação.

A maioria das cartas é endereçada a Michel de Castelnau de Mauvissière, o embaixador francês em Inglaterra à data e um apoiante de Maria.

Antes da sua decapitação, Maria sofreu de uma condição médica que ficou conhecida como “síndrome de Maria Antonieta”. Canities subita faz com pessoas as pessoas fiquem repentina e prematuramente com o cabelo branco após experiências traumáticas.

O que levou ao seu aprisionamento?

Maria da Escócia foi uma figura importante na história da Escócia e da Inglaterra no século XVI. Apesar de ter sido uma rainha poderosa, enfrentou muitos desafios e problemas políticos durante a sua vida.

Nascida em 1542, foi coroada com apenas nove meses de idade, tornando-se a rainha mais jovem da história da Escócia. Durante o seu reinado, Maria lutou contra os nobres escoceses e ingleses que procuravam controlar o seu governo.

Maria da Escócia foi detida por Isabel I porque era vista como uma ameaça à estabilidade do trono inglês. Maria nasceu na Escócia, mas tinha sangue de um príncipe de Inglaterra, o que a tornava uma possível reivindicante ao trono inglês.

Além disso, era católica e tinha conspirado com líderes católicos na Europa para derrubar a rainha, que era protestante. Isabel e Maria também eram rivais políticas, já que ambas lutavam pelo controlo do poder na Escócia e em Inglaterra.

Em 1586, foi descoberto um complô para assassinar a rainha Isabel I e colocar Maria no trono, o que levou à prisão da escocesa. Embora negasse envolvimento, foi mantida presa por 19 meses, e finalmente executada em 1587 após um julgamento polémico.

Daniel Costa, ZAP //

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