Despedimento coletivo na Global Media. Direção do Diário de Notícias demitida

A dois dias da greve de jornalistas, o grupo detentor do JN, DN e TSF despede 17 pessoas. Diminuição da atividade, desequilíbrio financeiro e os resultados obtidos pelas apostas recentes estão entre os motivos.

O Global Media Group (GMG) avançou com um despedimento coletivo no âmbito de um “processo de reestruturação de equipas internas” iniciado esta terça-feira.

“O Global Media Group iniciou hoje o processo de reestruturação de equipas internas, o que nos forçou a um despedimento coletivo fundamentado na complicadíssima situação financeira que resultou da gestão dos últimos meses, cujo impacto foi público”, lê-se no comunicado.

O processo, que prevê a saída de toda a direção do Diário de Notícias, segundo comunicado do grupo, abrange 17 trabalhadores além da direção do centenário lisboeta. Estes 17 pertencem a áreas da empresa, desde jornalistas, administrativos e marketing.

“Do processo de reestruturação decorre também a saída do diretor do Diário de Notícias, José Júdice, bem como da restante direção, a quem agradecemos o empenho demonstrado. Sobre este tema foi solicitado um parecer ao Conselho de Redação”, diz ainda a nota.

“A verdade é que a situação atual era insustentável tanto do ponto de vista financeiro como do ponto de vista da equidade com os profissionais que há muito tempo mantêm viva a chama editorial do Diário de Notícias”.

“Por isso se impunha esta decisão, que visa também lançar um projeto renovado para o DN que será desenvolvido em articulação profunda com a atual redação”, lê-se.

“É manifesta a desadequação desse reforço de recursos humanos relativamente à atividade desenvolvida, aos resultados da Empresa e às receitas geradas, sendo que o acréscimo do respetivo custo com salários contribuiu, e muito, para o agravamento das condições económico-financeiras da Empresa”, diz a nota.

As “circunstâncias macroeconómicas atuais”, os “indicadores de mercado para os próximos anos”, os “indicadores económico-financeiros e o seu desequilíbrio estrutural” são outros dos fatores.

Bruno Contreiras Mateus, atual diretor do Dinheiro Vivo, ocupará o lugar de diretor durante três meses. Depois sai “para se dedicar a projetos pessoais, à docência e à investigação”.

Nos últimos oito no GMG, Bruno Mateus já ocupou funções de subdiretor do DN, ‘head of digital’ do DV e da área de revistas, na Notícias Magazine, Evasões, Volta ao Mundo e Delas, e integrou ainda a Direção de Inovação do GMG.

Em plena crise financeira e sob fogo de greves e protestos há mais de um mês, a Global Media Group (GMG) tinha em janeiro seis propostas de investimento em cima da mesa que apontavam para diferentes caminhos.

O DN acabou por ficar de fora do negócio quando um grupo de empresários comprou o JN e a TSF em inícios de fevereiro.

No início de dezembro, os trabalhadores do JN fizeram uma greve “a 100%” e o jornal não saiu nas bancas, pela primeira vez em 34 anos.

A redação do JN criou uma petição pública e a iniciativa “Somos JN”, com o objetivo de alertar para as consequências do despedimento coletivo no jornal, que entre a sede no Porto e a delegação de Lisboa tem cerca de 90 profissionais.

Na semana seguinte, a direção da TSF demitiu-se em bloco: Rui Gomes (diretor-geral) Rosália Amorim (diretora de informação) e Artur Cassiano (subdiretor) deixaram os respetivos cargos.

Também as direções do JN e d’O Jogo, apresentaram a demissão em bloco, 48 horas depois, devido à degradação das condições para o exercício do cargo perante as medidas anunciadas pelo Global Media Group.

ZAP // Lusa

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