Despeça-se das vaquitas-marinhas. As redes de pesca só deixaram 10 no planeta

@richivevi66/Twitter

Ilustração de uma vaquita-marinha

Pesca ilegal com rede do totuava, cuja bexiga é uma iguaria, mata a baleia mais pequena do mundo há anos. Agora, só sobram 10 no mundo inteiro.

A Comissão Internacional da Baleia (CIB), instituição atualmente dedicada à proteção dos mamíferos marinhos e contra qualquer pesca de baleias, emitiu o primeiro alerta de extinção nos seus 70 anos de história.

Trata-se de um esforço para que a Humanidade tome medidas para a preservação da vaquita, o mamífero marinho mais pequeno do mundo que está à beira da extinção.

Estima-se que existam apenas 10 vaquitas no planeta, que vivem no Golfo da Califórnia, próximo à costa oeste dos Estados Unidos e do México.

Menor espécie de cetáceo nos oceanos, as vaquitas são um tipo de toninha com 1,2 a 1,5 metros de comprimento. A sua população caiu de 30, em 2017, para apenas dez na atualidade, declínio que se deve, principalmente, ao uso de redes de pesca na atividade ilegal de captura do igualmente ameaçado peixe totuava.

O totuava é altamente requisitado pela sua bexiga natatória, considerada uma iguaria na culinária e medicina chinesas e vendida a preços muito elevados.

As vaquitas tendem a ficar presas nas redes utilizadas na pesca de totuava e, apesar de cerca de 30 anos de alertas repetidos sobre a ameaça de extinção que a espécie enfrenta, a atividade piscatória continua a impactar as suas populações.

Segundo explicou Lindsay Porter, que ocupa o cargo de vice-presidente do comité científico da CIB, ao jornal The Guardian, o alerta de extinção serve para enviar uma mensagem a audiências mais vastas e mostrar quão grave é a situação.

Esforços para a conservação das vaquitas

Algumas instituições já tentaram, muitas vezes de forma desesperada, contribuir para a conservação destes pequenos mamíferos marinhos. Uma delas envolveu a colaboração entre o governo mexicano e a Fundação Leonardo DiCaprio, numa promessa de conservar o ecossistema regional.

Uma das abordagens encontradas foi o uso de golfinhos treinados pela marinha do país para localizar e “conduzir” as vaquitas até refúgios para programas de reprodução em cativeiro. No entanto, a iniciativa de conservação foi abandonada após a morte de uma das fêmeas capturadas.

Com números tão reduzidos, as probabilidades de que vejamos estes animais desaparecerem durante a nossa vida são muito elevadas. Um dos últimos recursos, atualmente implementado pela marinha do México, é a criação de uma zona de tolerância zero, que utiliza 193 blocos de betão ao longo da sua costa para impedir o uso de redes de pesca.

Em teoria, o esforço conseguiu reduzir 90% da atividade na área, mas isso pode apenas ter deslocado o problema para fora dessa zona, e vaquitas que abandonem o local podem continuar expostas.

Existem pelo menos sete espécies animais tão ameaçadas quanto as vaquitas no mundo, como o lobo-vermelho, o rinoceronte-de-Sumatra e o entufado-baiano, e cabe ao ser humano fazer esforços de conservação e esperar pelo melhor — não seria a primeira vez que as nossas atividades dizimaram populações animais, como foi o caso do dodô e do tigre-da-tasmânia.

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