Um homem foi detido e outro constituído arguido, ambos chineses, por suspeitas de tráfico de pessoas, sequestro e coação numa operação realizada na área de Cascais, anunciou esta terça-feira a Polícia Judiciária.
Segundo a PJ, as diligências ocorreram na sequência de um pedido de colaboração por parte da Polícia Nacional de Taiwan no âmbito do qual se “admitia que vários cidadãos daquele território [Taiwan] se encontrariam em Portugal vítimas de tráfico de pessoas, em situação de sequestro, sob coação e em regime de escravidão”.
A Unidade Nacional Contra Terrorismo (UNCT) localizou uma casa isolada na área de Cascais onde viria a encontrar e resgatar os 17 cidadãos privados de liberdade, de documentos e impossibilitados de manter contactos com o exterior.
“No momento da ação policial, os dois arguidos também ali foram encontrados. Constatou-se no local que os cidadãos estavam coagidos a manter contactos via Internet, num esquema de burlas montado pelo arguido detido, com cidadãos da China continental, a quem eram extorquidos elevados montantes sob ameaça de perseguição policial e judicial naquele país”, explica a aquela autoridade.
No decorrer da operação foram apreendidas várias dezenas de equipamentos telefónicos e de telecomunicações, equipamentos informáticos, documentos e dinheiro.
Um homem foi presente a interrogatório judicial, tendo-lhe sido aplicada como medida de coação a apresentação três vezes por semana às autoridades policiais.
“Tendo em conta a continuação das diligências de investigação criminal por parte das autoridades de Taiwan, com vista à detenção dos principais responsáveis desta atividade ilícita, não foi divulgada publicamente a ação da Policia Judiciária”, é referido.
A PJ adianta ainda que, “atualmente foram já detidas várias pessoas e identificadas mais de uma dezena de outras envolvidas neste esquema criminoso naquele país”.
Na nota, a PJ lembra que esta foi a primeira vez na Europa que as autoridades policiais conseguiram desmantelar, em plena atuação, um grupo organizado deste tipo.
Precisa o semanário Expresso que esta rede que obrigava pessoas a trabalho escravo em vários países, incluindo Portugal foi desmantelada em junho, tendo a operação sido mantida em sigilo devido à cooperação com as autoridades de Taiwan.
ZAP // Lusa