Designers criam roupa solúvel de gelatina — para qualquer pessoa criar, usar e deitar fora

Utility Research Lab

Biofibras de gelatina num arco-íris de cores

Uma equipa de investigadores desenvolveu uma máquina que produz fibras têxteis feitas de materiais de origem sustentável, com uma textura similar à fibra do linho, que se dissolvem em água quente em muito pouco tempo — e que qualquer pessoa pode produzir.

Num novo estudo, publicado o mês passado no ACM Digital Library, os cientistas procuraram um método que permitisse reduzir os resíduos sólidos produzidos pela indústria têxtil.

O resultado da pesquisa traduziu-se na criação de uma máquina capaz de produzir fibras, de modo sustentável, com materiais solúveis — que representam um conceito diferente para a moda de “usar e deitar fora”.

“Quando já não quisermos estes têxteis, podemos dissolvê-los e reciclar a gelatina para produzir mais fibras”, diz o autor principal do estudo, Michael Rivera, em comunicado.

Segundo a Ciencia Plus, a máquina é suficientemente pequena para caber numa secretária, e poderá ajudar os estilistas e criadores de moda a experimentar a produção das suas próprias biofibras.

“Podemos personalizar as fibras com a força e a elasticidade que quisermos, com a cor que quisermos”, realça Rivera.

“Com este tipo de máquina, qualquer pessoa pode fabricar fibras. Não são necessárias as grandes máquinas que só existem nos departamentos de química das universidades”.

Para criar uma nova forma de fazer roupa, os investigadores utilizaram a gelatina, que é comum em muitos ossos de animais, incluindo porcos e vacas.

A máquina usa uma seringa de plástico para aquecer e espremer gotículas de uma mistura de gelatina líquida e, de seguida, dois conjuntos de rolos na máquina puxam a gelatina, esticando-a em fibras longas e finas.

Durante o processo, as fibras também passam por banhos líquidos onde se pode introduzir corantes de base biológica ou outros aditivos.

Para testar o seu conceito, os investigadores criaram sensores têxteis a partir de fibras de gelatina, algodão e fios condutores, e submergiram-nos em água quente. A gelatina dissolveu-se, libertando os fios para facilitar a sua reciclagem e reutilização.

Os designers podem ajustar a química das fibras para as tornar mais resistentes e evitar que se dissolvam na chuva.

O próximo passo é agora experimentar a fiação de fibras semelhantes a partir de outros ingredientes naturais, como a quitina, um componente das carapaças dos caranguejos, ou o ágar-ágar, que provém das algas.

“Estamos a pensar no ciclo de vida dos nossos têxteis. Isso começa com a origem do material”, conclui o primeiro autor estudo, Eldy Vasquez.

Soraia Ferreira, ZAP //

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