Numa gravação divulgada agora, a candidata insinua que os britânicos são mais preguiçosos do que os estrangeiros e que isso explica a disparidade na produtividade. Os comentários estão a valer-lhe duras críticas.
Liz Truss, que se tem afirmado como a favorita na corrida à liderança dos Conservadores, está agora em maus lençóis.
Numa gravação feita quando era a número dois do Ministério do Comércio, cargo que ocupou até 2019, e que foi agora divulgada, Truss afirma que os trabalhadores britânicos precisam de “mais estofo” e sugere que lhes falta “habilidade e dedicação” para conseguirem competir com a produtividade dos estrangeiros.
A candidata acrescenta ainda que as disparidades são “em parte uma questão de mentalidade ou atitude”, comparando a realidade britânica com a chinesa. Estes comentários seguem na mesma linha do conteúdo do livro “Brittain Unchained”, que foi assinado por vários rostos do Partido Conservador, incluindo Truss.
No capítulo assinado por Dominic Raab, o deputado escreve que os britânicos estão “entre os trabalhadores mais preguiçosos do mundo“. Truss já foi confrontada com esta afirmação no primeiro debate a dois contra Rishi Sunak, com quem vai duelar pela sucessão a Boris Johnson, tendo respondido que apesar de também ser autora do livro, essa frase não é da sua autoria.
As comparações de Truss entre os trabalhadores em Londres com os do resto do país também lhe estão a causar problemas. “Uma vez escrevi um livro sobre isto — que foi mal interpretado — se olharmos para a produtividade, é muito, muito diferente em Londres e no resto do país, isto é um facto histórico há décadas”, disse.
A capital britânica teve o nível de produtividade mais alto do Reino Unido em 2020, com valores 50% superiores à média, com a presença de grandes multinacionais e o nível de exportações a serem apontados com alguns dos principais factores que explicam esta assimetria, recorda o The Guardian.
Os comentários de Truss surgem numa altura em que a candidata já teve de voltar atrás nos planos de cortar os pagamentos por serviços civis e a funcionários públicos fora da capital, após as críticas de muitos deputados Conservadores.
A divulgação do áudio já está a valer-lhe críticas. A deputada Trabalhista Yvette Cooper diz que os comentários “mostram o que ela realmente pensa” e são uma “desgraça total“. “Isto vem depois de ela ter apresentado uma proposta para cortar os pagamentos no sector público no norte em outras partes do país”, atira.
Cooper acusa ainda a possível futura primeira-ministra de não estar ciente das dificuldades da classe trabalhadora, principalmente numa altura em que a população sofre com a inflação. “Este insulto só mostra que acho que Truss não entende os trabalhadores de todo o país. É profundamente errado ela dizer isto”, remata.
Actualmente, Truss é a favorita na corrida à sucessão a Boris Johnson. Uma recente sondagem de membros Conservadores deu-lhe uma vantagem de 22 pontos em relação a Rishi Sunak, ex-Ministro das Finanças. O novo primeiro-ministro britânico será conhecido a 5 de Setembro.
Deve ter aprendido com o Passos Coelho e com a actual ministra da saúde: um, dizia que os portugueses são “piegas”, a outra dizia que os profissionais de saúde têm falta de “resiliência”.
Uma inglesa a dizer a verdade sobre os ingleses!…
Lindo… ainda por cima ela não é melhor!…