A papoila-do-Oriente, ou papoila do ópio, é uma planta essencial na medicina. Agora, os cientistas descobriram como a planta evoluiu para produzir compostos com um poderoso efeito analgésico.
É da papoila-do-Oriente, ou papoila do ópio, que se extraem os compostos mais utilizados na produção dos analgésicos mais poderosos. Agora, os cientistas descodificaram o genoma desta planta, que pode ajudar a compreender melhor a resistência de algumas doenças aos seus efeitos, contribuindo para novas estratégias para contornar esse problema.
Ian Graham, principal autor do estudo publicado esta quinta-feira na revista Science, adianta que “há décadas que os bioquímicos se perguntam como as plantas evoluíram para se tornarem uma das fontes mais ricas da diversidade química na Terra”.
“Com o nosso estudo descobrimos como isso aconteceu na papoila do ópio”, refere o cientista que, em conjunto com uma equipa internacional de cientistas da Austrália, China, Estados Unidos e Reino Unido conseguiu decifrar cerca de 95% de toda a informação genética da planta, que se distribui por 11 cromossomas.
Segundo o Diário de Notícias, uma das descobertas mais emocionantes é o agregado de 15 genes que codificam as enzimas envolvidas na síntese e produção da noscapina e dos compostos que entram na constituição da codeína e da morfina.
Além disso, a própria evolução do genoma desta planta é uma particularidade que mereceu a atenção dos cientistas. As plantas conseguem fazer a duplicação dos seus próprios genomas, conseguindo pôr os mesmos genes a fazer coisas diferentes, como produzir compostos químicos diferentes para os mais diversos objetivos.
No caso desta papoila, os cientistas descobriram que há 7,8 milhões de anos se operou no seu genoma uma dessas duplicações, que foi a responsável pela possibilidade de aquele agregado de genes passar a produzir aquela diversidade de compostos químicos.
Apesar de existirem mais de 80 espécies de papoilas, esta é a principal produtora destas substâncias alcaloides, como a morfina ou a codeína, além de se extrair desta planta o ópio.