Uma equipa de cientistas descobriu que novas células do tecido adiposo visceral humano inibem a formação de células adiposas.
A obesidade é uma doença crónica caracterizada pelo excesso de gordura acumulada no organismo.
Resulta de um desequilíbrio entre as calorias ingeridas, através dos alimentos, e a quantidade de calorias gastas com exercício físico ou atividades quotidianas.
Num novo estudo, conduzido por investigadores da Ecole Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL) e publicado a semana passada na Science Direct, descobriu-se que as células no tecido adiposo visceral humano inibem a formação de células adiposas,
O estudo revela porque é que a forma de “maçã” do corpo pode apresentar riscos metabólicos mais elevados para a saúde.
O omento, uma grande massa de tecido adiposo que cobre os órgãos como o estômago e os intestinos, não só armazena gordura, como também desempenha um papel na regulação imunitária e na regeneração dos tecidos.
Uma parte específica do omento humano, semelhante ao mesotélio, inibe a adipogénese através da secreção de IGFBP2.
Os investigadores utilizaram a sequenciação avançada de ácido ribonucleico (ARN) de uma única célula para analisar células de vários depósitos de gordura humana, isolando diferentes subpopulações de células e testando a capacidade de se transformarem em novas células adiposas.
A abordagem identificou uma população de células presentes no tecido adiposo omental que pode ser a chave para explicar as suas propriedades invulgares.
Entre estas células mesoteliais algumas transitaram para células mesenquimatosas, que podem desenvolver-se numa variedade de tipos de células, incluindo células adiposas.
Esta transição dinâmica entre estados celulares pode ser um mecanismo chave através do qual estas células exercem a sua influência no potencial adipogénico do tecido adiposo omental.
Ao alternar entre estes dois estados, as células podem ser capazes de influenciar o comportamento metabólico global do depósito de gordura omental e a sua capacidade de acumular gordura sem culminar em complicações metabólicas.
O estudo concluiu que as propriedades mesenquimatosas destas células estão associadas a uma maior capacidade de modular o seu microambiente, proporcionando um mecanismo regulador para limitar a expansão do tecido adiposo.
“Estas descobertas têm implicações profundas para a compreensão e potencialmente para a gestão da obesidade metabolicamente pouco saudável”, explica Pernille Rainer, investigadora da EPFL e co-autora do estudo, em comunicado da instituição.
“O facto de se saber que a gordura omental tem um mecanismo incorporado para limitar a formação de células adiposas pode levar a novos tratamentos que modulem este processo natural”, acrescenta a especialista em Ciências da Vida..
“Além disso, a investigação abre possibilidades de terapias direcionadas que podem modular o comportamento de depósitos de gordura específicos”, conclui Rainer.
Pensava que a chave de ouro para tratar a obesidade era uma dieta equilibrada e a prática de exercício. Afinal, a manipulação das células do tecido adiposo também resolvem, como quem diz, ingestão de medicamentos? Mais uma vez, a tentativa de resolver um problema de saúde através do caminho mais fácil.