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Nova tecnologia identificou em 4 dias milhares de crianças desaparecidas

Um teste experimental de tecnologia de reconhecimento facial realizado pela polícia de Nova Deli teve um resultado incrível e inspirador: milhares de crianças que desapareceram nas ruas, becos e favelas da Índia foram identificadas em questões de dias.

Usando um banco de dados fotográfico de cerca de 60.000 crianças desaparecidas e comparando-as com aproximadamente 45.000 imagens de órfãos não identificados em instituições de atendimento em toda a cidade, 2.930 crianças foram reconhecidas pelo software do programa piloto em apenas quatro dias.

Os rápidos efeitos do programa são surpreendentes e destacam como essa tecnologia emergente poderia ajudar a diminuir um devastador problema social no país.

“Atualmente, a Índia tem quase 200.000 crianças desaparecidas e cerca de 90.000 alojadas em várias instituições de cuidado infantil”, explicou o ativista Bhuwan Ribhu, do grupo de assistência infantil Bachpan Bachao Andolan, que ajudou a desenvolver o estudo.

Fazer a combinação manual de todas essas crianças e fotografias é basicamente impossível. A organização de Ribhu começou o projeto como uma maneira de filtrar melhor a grande quantidade de registos mantidos pelo TrackChild, o banco de dados nacional indiano de crianças desaparecidas.

Percebendo que o reconhecimento facial poderia ajudar a acelerar as coisas, a organização lutou no Supremo Tribunal de Deli para disponibilizar o banco de dados à polícia, que usou o sistema de reconhecimento facial para analisar milhares de imagens.

Devido ao sucesso do projeto em Nova Deli, é possível que outras forças policiais usem dados do TrackChild para tentar rastrear crianças desaparecidas. Além disso, o próprio banco de dados pode ser revisto para que o software de reconhecimento facial seja executado internamente.

Todos esses são desenvolvimentos bem-vindos, mas a situação das crianças desaparecidas na Índia ainda não será resolvida completamente.

Isso porque as razões por trás dos seus desaparecimentos são complexas e muitas vezes violentas e anti-éticas. Algumas crianças são raptadas na rua para serem vendidas para prostituição ou trabalho infantil. Outras fogem dos pais devido a abusos em casa.

Há ainda suposições de que algumas famílias vendem os filhos, ou intencionalmente abandonam filhas indesejadas em lugares movimentados.

Também há crianças que simplesmente perdem-se à moda antiga, através de circunstâncias incomuns e azar, como Saroo Brierley, cuja dramática história de vida se tornou o tema do filme “Lion – Uma Jornada Para Casa”, de 2016.

Quando era jovem, Brierley perdeu-se do seu irmão mais velho numa estação de comboio. Adormeceu dentro de um comboio e só conseguiu sair do veículo depois de percorrer quase 1.500 quilómetros pela Índia. Era tão novo que não sabia o nome da sua cidade natal, e nunca conseguiu encontrar o caminho de volta.

Demorou cerca de 25 anos até finalmente rever a sua mãe biológica, um final feliz para uma história de sofrimento muito comum entre os jovens na Índia. As inovações vistas neste projeto devem possibilitar uma onda de reuniões similares, muito bem-vindas.

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