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Desânimo e deserções atingem Estado Islâmico

jdubfudge / Flickr

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O desânimo e a deserção estão a começar a afectar a organização terrorista Estado Islâmico, testando a coesão da mais poderosa força jihadista do mundo, enquanto retardam sua força militar.

Activistas no leste da Síria, controlados pelo Estado Islâmico (EI), dizem que, à medida que o progresso militar desacelera e o foco passa a ser governar a região sob seu controlo, cresce a frustração entre os militantes, considerados a força de combate mais disciplinada e eficaz na guerra civil.

A meio do ano, o grupo avançou sobre o Iraque ocidental e a Síria oriental, numa ofensiva que chocou o mundo.

A sua acção militar, no entanto, esgotou as áreas sunitas muçulmanas descontentes, facilmente domináveis.

Paralelamente, a coligação internacional dos EUA e de forças locais, com ataques aéreos e por terra, começou a retardar a expansão do Estado Islâmico.

A semana passada, os EUA anunciaram que dois líderes do EI foram mortos em ataques aéreos, informação que o grupo não confirma.

Na mesma semana, combatentes curdos interromperam o cerco de cinco meses do EI ao monte Sinjar, no Iraque.

Era uma vez uma aventura

“A moral das tropas não está a cair – já bateu no chão“, diz à RVR um activista da província de Deir Ezzor, na Síria orienta.

“Os militantes locais sentem que fazem a maior parte do trabalho, e os combatentes estrangeiros, que pensavam que vinham para uma aventura, agora estão simplesmente exaustos“, acrescenta.

No dia 20, o Estado Islâmico executou cem dos seus próprios combatentes estrangeiros, que tentavam fugir da cidade de Raqqa, no norte da Síria.

“Após a queda de Mossul, em junho, o EI apresentava-se como uma força incontrolável e vendia uma sensação de aventura”, diz um oficial americano, citado pela RVR, “mas a dinâmica mudou desde que os ataques aéreos começaram, em agosto”.

Segundo o oficial, os ataques aéreos contribuíram para travar o avanço do EI, o que ajudou a conter o fluxo de recrutas estrangeiros.

Mas, adverte o oficial, “a mudança de humor não afectou os radicais“.

Combater ou governar

O analista Torbjorn Soltvedt, da consultoria Verisk Maplecroft, no Reino Unido, diz que a transformação dos próprios combatentes, quando passam de um exército móvel para uma força de governo, abala a moral.

“Antes eles conquistavam território, forçavam exércitos no Iraque e na Síria a retirar”, explica Soltvedt.

“Agora, eles são basicamente uma força de ocupação a tentar governar.”

“A situação não é boa”, resmunga, sob anonimato, um militante do EI, que confessa que os combatentes estão descontentes com os seus líderes.

“Não podemos falar, e somos forçados a fazer coisas inúteis”, resumiu.

ZAP / RVR

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