O Congresso dos Deputados espanhol aprovou esta quinta-feira o decreto que vai permitir exumar os restos do ditador Francisco Franco (1892-1975) do Vale dos Caídos, monumento que o próprio mandou construir.
Durante a, a maioria dos deputados revalidou o decreto aprovado previamente pelo governo socialista de Pedro Sánchez, embora tanto o conservador Partido Popular (PP) como o Ciudadanos se tenham abstido na votação.
Além disso, o Congresso aprovou que o decreto seja tramitado como projeto de lei, o que permitirá propor alterações ao texto, tal como sugeriram alguns grupos que ontem apoiaram o governo.
Em defesa do decreto-lei, a vice-presidente do governo, Carmen Calvo, alertou que não haverá “paz sem justiça” enquanto se mantiver a “atroz anomalia” que representa o facto de o ditador estar enterrado junto das suas próprias vítimas. A vice-presidente criticou ainda o PP e o Ciudadanos por “olhar para o lado” quando o assunto é a ditadura.
Por seu turno, PP e Ciudadanos criticaram que a exumação de Franco seja feita através decreto, já que não se trata de uma questão urgente, uma vez que esteve 43 anos sepultado no Vale dos Caídos.
Ambos os partidos acusaram Sánchez de usar este assunto como uma “cortina de fumo” para encobrir a sua incompetência e fraqueza no Parlamento, já que os socialistas contam com 84 cadeiras das 350 da Câmara.
Após a votação que aprovo o decreto, os deputados que o apoiaram o aplaudiram e dirigiram os seus olhares para a tribuna de convidados, onde vítimas da ditadura e o hispanista e historiador irlandês Ian Gibson acompanhavam o debate.
A exumação dos restos mortais do ditador – que governou Espanha de 1939 a 1975 após uma guerra civil (1936-1939) – é polémica entre os que consideram que é uma amostra do reconhecimento da memória histórica e os que pensam que abre velhas feridas e prejudica a reconciliação.
Por diversas vezes, a família do ditador mostrou-se contra a sua exumação.
ZAP // EFE