“Bomba meteorológica”: depressão Babet em Portugal

Manuel de Almeida/LUSA

Características tropicais e chuva, por vezes forte, devem prolongar-se até sexta-feira. Agora há nove distritos sob aviso laranja.

O estado do tempo no continente vai estar condicionado por “sucessivos sistemas frontais associados a depressões que se deslocam no Atlântico Norte em direção à Europa”, desde logo na terça-feira por influência da depressão Babet, informou o IPMA esta segunda-feira.

De acordo com um comunicado do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o tempo em Portugal continental “vai ser condicionado pela aproximação e passagem de sucessivos sistemas frontais associados a depressões”, que “transportam na sua circulação uma massa de ar com características tropicais, destacando-se o elevado conteúdo em vapor de água”.

Hoje, terça-feira, “a passagem de uma superfície frontal fria associada à depressão Babet (nomeada pelo Serviço Meteorológico do Reino Unido) dará origem a precipitação, por vezes forte e persistente e vento do quadrante sul, com rajadas fortes no litoral e nas terras altas”, lê-se na nota, lembrando o IPMA que “para este episódio foram já emitidos avisos meteorológicos”.

“Espera-se um novo episódio de agravamento das condições meteorológicas, no dia 19 (quinta-feira), com precipitação, por vezes forte e persistente e vento do quadrante sul, com rajadas fortes no litoral e nas terras altas, para o qual se emitirão novos avisos meteorológicos”, acrescenta o IPMA.

O instituto prevê que, no final da semana, a precipitação acumulada em cinco dias, até sexta-feira inclusive, “deverá atingir valores muito significativos, com a generalidade das regiões Norte e Centro a poderem superar valores acumulados na ordem de 100 mm e com algumas zonas montanhosas do litoral Norte a poderem mesmo superar 200 mm”.

A temperatura do ar “tem tendência a diminuir, em especial a partir do dia 19”, prevendo-se também “o aumento da agitação marítima na costa de Portugal continental e nas zonas marítimas de responsabilidade nacional” a partir de terça-feira, “que se tornará forte e, como tal, a originar avisos referentes a agitação marítima”.

Segundo o IPMA, as previsões serão atualizadas até às 18:00 de terça-feira.

Nove distritos com aviso laranja

O IPMA indicou que os distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Leiria, Setúbal, Beja e Faro vão estar sob aviso laranja devido à previsão de ondas de oeste com 4,5 a 5,5 metros, com altura máxima de 9 metros entre as 06:00 e as 21:00 de terça-feira.

Estes distritos passam depois a aviso amarelo entre as 21:00 de terça-feira e as 03:00 de quarta-feira.

No que diz respeito à chuva, o IPMA emitiu também aviso amarelo para os distritos de Aveiro, Viseu, Coimbra, Leiria, Bragança, Guarda, Castelo Branco, Leiria, Lisboa e Santarém entre as 00:00 e as 15:00 de terça-feira.

Todos os distritos do continente, exceto Faro, Beja, Évora e Portalegre, vão estar também sob aviso amarelo entre as 00:00 e as 18:00 de terça-feira devido à previsão de vento forte do quadrante sul, com rajadas até 75 quilómetros por hora, sendo até 100 quilómetros por hora nas terras altas.

Quase 400 ocorrências

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil registou entre as 00h00 e as 7h00 desta terça-feira 394 ocorrências relacionadas com o mau tempo, a maioria na Grande Lisboa e Península de Setúbal, que não causaram vítimas.

Em declarações à agência Lusa, Paulo Santos, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), adiantou que naquele período foram registadas em todo o país 394 ocorrências, das quais 142 no concelho de Lisboa e 42 na Península de Setúbal.

“No total nacional, entre as 20h00 e as 7h00, foram registadas 394 ocorrências com destaque para a área da grande Lisboa e Península de Setúbal, que registaram o número mais elevado de ocorrências, nomeadamente a cidade de Lisboa que, segundo o Regimento Sapadores de Bombeiros, com 142 ocorrências unicamente no concelho de Lisboa”, disse.

De acordo com Paulo Santos, as ocorrências estão relacionadas sobretudo com quedas de árvores, queda de estruturas, limpeza de vias e inundações.

“Em nenhuma destas ocorrências temos conhecimento do registo de feridos ou qualquer via cortada. É natural que durante as operações de limpeza sejam algumas vias sejam interrompidas temporariamente”, referiu.

“Bomba meteorológica”

A descrição é destacada na rádio Renascença, que descreve este evento meteorológico extremo: uma queda repentina da pressão atmosférica, com uma rápida deslocação de massas de ar em poucos minutos.

A “bomba”, a queda rápida de pressão, define a potência da tempestade, com chuva muito intensa e fortes rajadas de vento.

A chuva contínua pode durar horas, ou mesmo dias seguidos. A precipitação acumulada, como já mencionado, atinge valores extremos. E os solos muito secos, neste período pós-verão, não conseguem absorver muita água em tão pouco tempo.

ZAP // Lusa

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