Pedro Pinto foi o porta-voz de um grupo parlamentar claramente incomodado. Rui Tavares mandou “bocas”, Aguiar-Branco não deu margem para mais.
A manhã desta sexta-feira na Assembleia da República tem mais um plenário. Mas não é “mais um” debate – é o primeiro desde que Miguel Arruda deixou o Chega.
E o sítio que o deputado passou a ocupar no hemiciclo criou problemas logo nos primeiros segundos.
Logo no início da sessão, Aguiar-Branco explicou a todos os deputados o que já se esperava: o deputado, agora não inscrito, iria sentar-se na última fila, entre os grupos parlamentares do Chega e do PSD. Pode mudar de lugar após conferência de líderes mas, para já, esse é o seu posto.
É a prática habitual no Parlamento. Quando, há cinco anos, Joacine Katar Moreira passou a ser deputada não inscrita, foi para a última fila, na “fronteira” entre os deputados do Livre e do PS.
Mas o Chega não concorda. Pedro Pinto pediu interpelação à mesa e disse ao presidente da Assembleia da República que o partido “não se sente confortável” ao ver Miguel Arruda sentado junto a deputados do Chega. “Até porque as coisas não foram… pacíficas“.
Logo a seguir, um aviso do líder do grupo parlamentar do Chega: “Eu não posso responder pelo meu grupo parlamentar e pelo que possa acontecer nesta sessão plenária”.
Pedro Pinto acusou Miguel Arruda de “desrespeitar” o grupo parlamentar do Chega, André Ventura, o próprio Pedro Pinto e até o próprio Parlamento.
Rui Tavares (Livre) também interpelou a mesa. Percebeu que o deputado do Chega estava a ameaçar “a integridade de outro deputado”. E ainda mandou uma “boca”, ao dizer que a sua mala estava “bem agarrada” ao seu lado.
Aguiar-Branco não deu margem para mais intervenções. Suspendeu a sessão imediatamente e chamou ao gabinete os líderes parlamentares.
Quase 20 minutos depois, a sessão foi retomada. Miguel Arruda está no mesmo sítio, mas agora sozinho. Ninguém nas cadeiras mais próximas, do lado do Chega. Tem aplaudido intervenções do Chega.