O Ministério Público (MP) do Paraguai não vai acusar Ronaldinho Gaúcho e o seu irmão, Roberto de Assis, pelo entrada no país com documentação falsa. De acordo com a imprensa brasileira e paraguaia, que citam fontes judiciais, os irmãos admitiram o erro e ficaram livres do processo.
O procurador encarregado do caso, Federico Delfino, recomendou à Justiça a suspensão do processo contra os brasileiros caso estes admitissem o delito, o que aconteceu, noticiou o Sapo 24.
O Ministério Público do Paraguai declarou ainda que Ronaldinho e Roberto foram “surpreendidos na sua boa fé” o que levou à aplicação do “critério de oportunidade”, um recurso no Código Penal paraguaio usado quando o crime é admitido e os suspeitos não têm antecedentes criminais no país.
“O senhor Ronaldo Assis Moreira, mais conhecido como Ronaldinho, aportou vários dados relevantes para a investigação e, atendendo a isso, foi beneficiado com uma saída processual que estará a cargo do Juizado Penal de Garantias”, revelou em declarações à Folha de São Paulo o promotor Frederico Delfino.
No entanto, e segundo a mesma fonte, a decisão final será de um juiz, numa audiência que acontecerá esta sexta. Enquanto isso, o ex-atleta e o irmão não podem deixar o país, afirmou Frederico Delfino.
Do processo fazem parte ainda três outras pessoas: o empresário Wilmondes Sousa Lira, que a defesa de Ronaldinho acusa de ser o responsável pelos documentos falsos, e as paraguaias María Isabel Galloso e Esperanza Apolonia Caballero, que segundo o MP seriam as verdadeiras detentoras dos documentos.
O caso já levou à demissão do diretor geral de Migrações do Paraguai, Alexis Penayo.
Esta quinta-feira, em conferência de imprensa, o procurador Federico Delfino disse que Ronaldinho e o irmão saíram de São Paulo com passaportes brasileiros, mas que entraram no aeroporto internacional de Assunção com documentos paraguaios, que incluem cartões de identidade falsos.
Segundo o procurador paraguaio, esses documentos foram emitidos no Paraguai entre dezembro e janeiro deste ano, e a numeração dos mesmos pertence a outras pessoas, que não foram identificadas.
Delfino adiantou que, segundo informações das autoridades brasileiras, os dois irmãos tinham recuperado, entre outubro e novembro, os respetivos passaportes brasileiros, que lhes tinham sido anteriormente retirados por “problemas económicos”.
O responsável da justiça disse também que Ronaldinho Gaúcho justificou que os documentos que possuía tinham sido uma oferta de quem os convidou a irem ao Paraguai, mas sem adiantar os nomes.
Fontes do Ministério do Interior informaram que o departamento de identificações alertou que os passaportes não estavam no sistema e que o alerta foi dado pela Polícia Nacional.
Não é claro por que razão o ex-jogador entrou no Paraguai com passaporte quando, entre os países sul-americanos, não é obrigatória apresentação de passaporte, sendo suficiente o uso do documento de identidade interno de cada país. O ex-jogador e o seu irmão passaram a noite sob vigilância da polícia dentro do hotel.
Ronaldinho chegou na quarta-feira ao Paraguai para participar em eventos do lançamento de um programa social para crianças, organizado pela Fundação Fraternidade Angelical. Viajou para lançar no mercado paraguaio o livro “Génio na vida”, que conta a sua história.