Crise energética melhorou relação entre dois países europeus

“Nos últimos dois anos e meio, foi a primeira vez que a Bulgária nos enviou sinais positivos”, admite o presidente da Macedónia do Norte.

Repete-se a frase: uma crise cria uma oportunidade.

Ou outra ideia: há sempre um lado positivo nas coisas, mesmo quando tudo parece muito mau.

Bulgária e Macedónia do Norte são dois países vizinhos, no Sudeste da Europa, com uma fronteira comum de cerca de 150 quilómetros.

Onde hoje é a Macedónia do Norte era parte do Império Otomano; mais tarde era Reino da Sérvia.

A I Guerra Mundial passou a apresentar no local o Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos.

Na II Guerra Mundial o Reino da Bulgária ocupou a Macedónia mas, depois do conflito, o território integrou a Jugoslávia – até à sua dissolução há cerca de 30 anos, criando a independente Macedónia, hoje Macedónia do Norte.

Após décadas de disputas, o ambiente, as relações entre os dois países não são as mais saudáveis de todas. Há tensão constante.

Para tentar melhorar as ligações, há dois anos o Governo búlgaro disse que ia reconhecer o idioma e a identidade nacional da Macedónia do Norte, se os vizinhos reconhecessem que os dois países têm língua e origens históricas comuns – o Governo da Macedónia viu nesta proposta uma ameaça e rejeitou o pacto.

No geral, a população e os governantes da Macedónia do Norte recusam que a história e a cultura do seu país sejam influenciadas pela Bulgária. Sobretudo desde a II Guerra Mundial há uma postura generalizada pró-Jugoslávia e anti-Bulgária.

No outro lado, muitos búlgaros não gostam da noção de uma nação macedónia indepentente, própria. É uma nação “artificial”. E acham que o idioma falado na Macedónia do Norte é um dialecto búlgaro.

Crise melhorou o panorama

A capital da Bulgária foi o palco do Fórum Energético. Em Sofia discutiu-se a possibilidade de criar um gasoduto a partir do Azerbaijão, para fornecer gás aos países do Sudeste da Europa e para diminuir a dependência da Rússia.

Nesse fórum, os presidentes de Bulgária e Macedónia do Norte estudaram a possibilidade de a Bulgária entregar directamente à Macedónia a sua electricidade excedente, ajudando os vizinhos a superar os actuais problemas de escassez.

O presidente da Macedónia do Norte, Stevo Pendarovski, mostrou-se satisfeito, no canal Euronews: “Esta foi a primeira vez, nos últimos dois anos e meio, que a Bulgária enviou-nos sinais positivos, para todo o povo macedónio…”.

“Eles concordaram em estabelecer um grupo de trabalho de especialistas para encontrar caminhos; não para transgredir as regras da Comissão Europeia, mas para exportar os excedentes da electricidade que possuem. Assim, esses excedentes não vão para o mercado mundial – vão directamente para a Macedónia do Norte”, continuou Pendarovski.

Bulgária e Macedónia do Norte vão, em breve, organizar um fórum económico para discutir o desenvolvimento da cooperação, tentando acelerar o desenvolvimento socio-económico naquela região.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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