Operadores do setor imobiliário acreditam que a crise dos materiais e o consequente aumento dos custos de construção vão acabar por fazer-se sentir no preço da habitação.
Desde o último trimestre de 2013 que o índice de preços da habitação publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) regista aumentos consecutivos. Mesmo assim, escreve o jornal Público, continua a crescer a procura e a oferta mantém-se insuficiente.
Agora, o setor imobiliário tem em mãos mais um fator que irá pesar nos preços finais: a crise dos materiais motivada pela pandemia. Exemplo desta situação são os preços do cobre e do alumínio, que subiram 22,4% e 34,7%, respetivamente, desde o início do ano.
Este cenário, ao qual se junta a falta de mão-de-obra, está a fazer com que os custos de construção tenham registado uma trajetória de crescimento. Segundo os dados do INE, em outubro deste ano registou-se um crescimento de 7,4% em relação ao mês homólogo do ano passado.
Em declarações ao mesmo matutino, os operadores do setor dizem que as consequências desta situação ainda não se fazem sentir, mas que isso vai acabar por acontecer.
“Inevitavelmente, o aumento dos custos de construção vai repercutir-se sobre o custo total dos projetos”, disse Ana Gomes, diretora da área residencial da Cushman & Wakefield.
“É expectável que os preços dos imóveis possam vir a ser impactados pelo aumento muito significativo dos preços das matérias-primas e pela escassez de mão-de-obra na construção, a somar à manutenção de elevada procura e escassez de imóveis em muitas zonas do país. Este previsível aumento poderá vir a sentir-se não só na construção nova, mas também nos imóveis usados como alvo de remodelação”, acrescentou Miguel Poisson, presidente da Portugal Sotheby’s Realty.
Apesar de esta situação ainda não se refletir nos preços, já está a provocar atrasos na conclusão das obras, o que leva as empresas a tentar substituir os materiais para mitigar este problema.
“Os stocks de vários materiais e revestimentos estão longe de estar em níveis pré-pandemia. Há inúmeras referências que ainda estão esgotadas, o que sacrifica o prazo de uma empreitada. Temos inúmeros casos de clientes que são obrigados a trocar de materiais devido à questão do prazo”, disse ainda João Carvalho, co-fundador da Melom.