Crimes de ódio triplicam em 4 anos. Resposta é “ridícula”, Ventura descarta responsabilidades

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Miguel A. Lopes / LUSA

Eram apenas 3 casos em 2000, no início da COVID eram 132, no ano passado foram 421. A normalização do “punha-os todos num campo de concentração”.

Os crimes de discriminação e incitamento ao ódio e à violência aumentaram mais de 200% nos últimos quatro anos.

De acordo com as Estatísticas da Justiça, da responsabilidade da Direção-Geral da Política de Justiça (DGPJ), que congrega os dados de todas as polícias, o crime por discriminação e incitamento ao ódio e à violência tem vindo a aumentar de ano para ano desde 2000, primeiro ano com registo de casos nas estatísticas oficiais.

Nesse ano (2000) houve 3 casos registados, em 2005 já eram 10, em 2010 houve 15 e em 2015 contabilizaram-se 19.

A partir daí, o aumento é constante, com registo de 25 crimes em 2016, 48 em 2017, 63 em 2018 e 82 em 2019.

Em 2020 as estatísticas contabilizam 132 crimes por discriminação e incitamento ao ódio e à violência, número que aumenta para 150 em 2021. Em 2022 foram registadas 270 ocorrências, 344 em 2023 e em 2024 o número chega a 421, o valor mais elevado desde que é feita esta contabilização.

Os números indicam que entre 2020 e 2024 houve um aumento de 219% – mais do que triplicaram – neste tipo de crime registado pelas autoridades policiais portuguesas.

“Ridículo”

Rita Guerra, investigadora do Centro de Investigação e Intervenção Social do ISCTE (CIS_ISCTE) quer uma resposta que não seja “ridícula”.

“Não há um investimento e um reflexo de preocupação institucional sobre este tema a par, por exemplo, do que se vê no discurso securitário e na preocupação com a insegurança falsamente associada (…) às populações imigrantes”, criticou.

“Acho que a nossa resposta a este tipo de fenómenos, do ponto de vista institucional, é absolutamente ridícula”, com “alguns sinais de boa vontade”, como a criação do Observatório para o Racismo e a Xenofobia, que “depois se tornam quase inoperacionais”, considerou, em declarações à agência Lusa.

Rita Guerra alertou para os perigos da normalização e de como está demonstrado que, quanto maior a exposição aos discursos de ódio, mais as pessoas normalizam esse mesmo discurso, e veem como “normal insultar, normal desumanizar ou normal dizer: ‘punha-os todos num barco e mandava-os daqui para fora, punha-os todos num campo de concentração, são animais’. Este tipo de expressões chocam numa primeira ou segunda vez, mas depois têm exposição diária”.

Ventura afasta-se

O Conselho de Europa avisa que Portugal está a aumentar o discurso racista e de ódio. E deixa alertas diretamente a políticos de extrema-direita.

André Ventura é visto como um dos maiores promotores do discurso de ódio em Portugal.

O presidente do Chega diz que “o país mudou, a linguagem do país mudou”. Mas não se sente responsável pelo aumento dos crimes de ódio.

Sente-se é responsável pelo “politicamente correto ter morrido. As pessoas não diziam o que pensavam porque tinham medo“, declarou na Antena 1.

Hoje, 18 de junho, assinala-se o Dia Internacional de Combate ao Discurso de Ódio, instituído pelas Nações Unidas para alertar para os perigos do discurso de ódio e promover medidas de combate.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. Mas nem um palavra da Esquerda a promover ódio contra judeus, cristãos e portugueses em geral na base unicamente no tom da pele…. Engraçado não foi uma unicamente mencionado. Até parece que andam a usar o livro de notas de um famoso socialista nos anos 40.

  2. Parece que em 2020 andou por aí uma peça de teatro de um senhor ao que consta afiliado ao dito Bloco de Esquerda, peça de título »Catarina e a beleza de matar fascistas», muito festejada, que passou no teatro Dona Maria II.
    Agora mesmo (18/6/2025, 16h 30) fui pesquisar ao Google e lá estava uma crítica do Senhor Ricardo Moreira (de 15/12/2020), a propósito da dita no site da »Esquerda.net». Basta verificar.
    Como diz o nosso povo trabalhador, »fazem o mal e a caramunha». Não se enxergam, nem tem limites a desvergonha destas gentes.

  3. Ser contrário à narrativa é discurso de ódio… muito bom… faz lembrar os israelitas podem fazer tudo mas são sempre vítimas e os outros anti-semitas… o que dizer do caso do casal gay há uns anos em Coimbra agredido por uma certa “classe privilegiada” e ainda chamados de pedó**los… deve ser caso de distribuição de beijinhos e não de ódio… fantástico…

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