Costa foi a Budapeste “namorar” o Presidente da UEFA sobre o Mundial 2030

André Kosters / Lusa

O primeiro-ministro António Costa

Costa aceitou o convite de Čeferin para estreitar ainda mais as relações entre Portugal e a UEFA, numa altura em que se aproxima a decisão final sobre a organização do Mundial 2030.

A presença de António Costa na final da Liga Europa, em Budapeste, está a dar muito que falar por não estar na agenda e pela presença de Viktor Orbán no estádio — sendo inclusivamente o aniversário do primeiro-ministro húngaro —, mas tudo indica que a viagem de Costa teve os interesses de Portugal em mente.

Segundo avança o Expresso, António Costa foi a Budapeste a convite de Aleksander Čeferin, presidente da UEFA, e o encontro terá tido em mente um possível apoio à candidatura conjunta de Portugal e Espanha à organização do Mundial 2030.

O convite de Čeferin terá sido feito em Abril, quando os dois se encontraram em privado em Lisboa. Ficou no ar a possibilidade de o primeiro-ministro aparecer ou na final da Liga Europa ou na final da Liga dos Campeões, tendo Costa optado pela primeira por ficar a caminho da Moldova, onde teria de estar poucas horas depois para participar na cimeira da Comunidade Política Europeia.

“Se o gabinete do primeiro-ministro relatasse a verdade isto nascia e morria em meia hora”, afirma uma fonte ligada ao processo. Com a decisão final sobre os países organizadores agendada para 2024, as relações estreitas entre Costa e Čeferin podem ser úteis e dar um empurrãozinho à candidatura europeia aos olhos da FIFA.

A visita causou um grande rebuliço nos últimos dias. Uma das razões foi o facto de não estar na agenda oficial do primeiro-ministro, algo que deve ser feito quando estão a ser usado meios do Estado.

“É com certeza uma visita privada e isso não pode se feito com meio público”, atirou o eurodeputado do PSD Paulo Rangel. Já Miguel Poiares Maduro disse não ter dúvidas que “num Estado sério um PM usar um avião do Estado para um evento fora da sua agenda pública era o fim do percurso político desse PM”.

Mais à esquerda, a oposição preferiu frisar a proximidade de Costa a Orbán, tendo-se sentado ao seu lado. O primeiro-ministro húngaro é uma figura polémica e que tem causado muitas dores de cabeça na União Europeia, desde as suas políticas que violam os direitos LGBT, o seu bloqueio ao pacote de 500 milhões de ajuda à Ucrânia e a acusações de xenefobia do seu Governo no acolhimento de refugiados.

A líder bloquista Mariana Mortágua considerou toda a situação “lamentável”. “Acho lamentável que o primeiro ministro tenha decidido parar uma viagem oficial para ir ver futebol, que tenha usado os recursos do Estado para fazer essa paragem. Acho ainda mais lamentável que tenha visto este jogo de futebol ao lado de um, enfim, líder autoritário de extrema-direita de um país como a Hungria”, apontou.

Ana Gomes, eurodeputada do PS, também comentou o caso no Twitter com sarcasmo, dizendo que Costa está a fazer “uma campanha alegre”, referindo-se à possibilidade de o primeiro-ministro ocupar um cargo europeu no futuro.

Costa justificou a proximidade a Órban com o protocolo, tendo de ficar sentado na tribuna de honra ao lado do homólogo húngaro. Fontes da comitiva que este em Budapeste ironizam sobre a polémica, considerando que “é como se a verdade estragasse uma boa conspiração”.

A boa relação entre Costa e Čeferin começou em Abril, quando o primeiro-ministro abriu o Congresso da UEFA em Lisboa. A disponibilidade de Lisboa e Porto para acolher as finais da Liga dos Campeões em 2020 e 2021 também estreitou os laços entre o poder político português e o regulador europeu de futebol.

Adriana Peixoto, ZAP //

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