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“O vírus não vai desaparecer.” Depois da bonança, voltará um novo ciclo de quarentena antes do fim do ano

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Manuel de Almeida / Lusa

Há um longo caminho pela frente no combate à Covid-19. Após o actual estado de quarentena que deve durar, pelo menos, até Junho, esperando-se que adormeça os casos de infecção, é previsível que o coronavírus volte em força para um novo ciclo de contágio, antes do final do ano.

O cenário é traçado por vários especialistas em declarações ao Expresso, sublinhando que o vírus “só vai parar de se propagar quando a maioria das pessoas tiver sido infectada, demore o tempo que demorar”. A única forma de travar o vírus é desenvolvendo uma vacina ou ganhando “imunidade de grupo”, com larga parte da população infectada.

“O vírus é endémico, está em todo o lado, e é praticamente impossível erradicá-lo. Mesmo com as medidas actuais, o vírus não vai desaparecer”, alerta o virologista do Instituto de Medicina Molecular (IMM), da Faculdade de Medicina de Lisboa, Pedro Simas.

“O vírus não se torna mais fraco, as pessoas é que vão ganhando defesas. Mas não se consegue um nível elevado de imunidade com a contenção em vigor, pelo que vão surgir mais vagas da infecção“, avisa Pedro Simas.

“O que agora estamos a fazer é protelar a infecção, aplanando a curva [de contágio], nada mais. E ao actuarmos cedo, não significa que tudo acabe mais depressa. É precisamente o contrário: vamos manter o vírus e o medo da doença, e não sabemos por quanto tempo”, acrescenta ao Expresso um dos peritos do Conselho Nacional de Saúde que não quis ser identificado.

Pedro Simas nota que a quarentena e o isolamento de populações “serve para mitigar a procura de serviços de saúde, evitando o colapso, e serenar a opinião pública”. “Mas, cientificamente, o que faria sentido era garantir a imunidade de grupo”, nota o virologista, realçando que num cenário de pandemia seria “a melhor opção possível: propaga-se rapidamente, permitindo criar imunidade populacional, em 94% dos infectados provoca apenas uma constipação, nem sequer uma gripe, e só afecta gravemente um grupo populacional”.

Essa foi, precisamente, a estratégia anunciada por Boris Johnson no Reino Unido. Mas o primeiro-ministro britânico viu-se obrigado a tomar algumas medidas para contenção do vírus. Porém, Reino Unido e Suécia são os países que estão a aplicar medidas mais próximas da ideia da “imunidade de grupo” como principal forma de contenção do vírus.

“Essa opção baseia-se em informação científica, mas também em estudos sobre o que estes países estão dispostos a pagar em termos sociais, económicos e até de vidas humanas. Os cientistas daqueles países são muito bons e acredito que já ponderaram muito este balanço e o efeito sobre a população que têm (idade, literacia, comorbilidades, etc.). Já fizeram muito bem as ‘continhas’. São mais pragmáticos e com decisões de difícil compreensão para a maioria das sociedades”, analisa a responsável pela estratégia da Direção-Geral da Saúde para o VIH/SIDA e a tuberculose, Isabel Aldir, também no Expresso.

O semanário cita um estudo feito pelo Imperial College London que concluiu que, após a implementação de medidas de contenção, pode haver um primeiro cenário de diminuição da cadeia de contágio e de redução da procura dos serviços de saúde, mas não acabará a transmissão do vírus; ou pode ocorrer um segundo cenário em que se interrompa a transmissão, mas logo que haja “um relaxamento” das medidas, “os casos deverão aumentar”. “É possível diminuir o número de casos, mas existe o risco de haver uma nova vaga nos meses de Inverno“, alertam os autores do estudo.

O bio-matemático Ruy Ribeiro aponta ao Expresso que é preciso encarar o vírus como “um incêndio”. “Se não ficar bem extinto, vai haver um reacendimento“, alerta, prevendo que possa haver “medidas de contenção durante meses”. “É preciso começar a trabalhar em medidas intermitentes para os cenários das próximas vagas”, considera Ruy Ribeiro, frisando que “a alternativa será fazer o isolamento agora em prática durante muitos mais meses além de Maio”.

O professor de saúde internacional no Instituto de Higiene e Medicina Tropical Paulo Ferrinho considera ao Expresso que “daqui a oito semanas já teremos uma ideia muito precisa de como será a segunda onda“.

O primeiro-ministro já referiu que temos pela frente “três meses muito duros”, considerando que a normalidade só deverá voltar a partir de Junho.

Mas os efeitos na economia vão estender-se muito para lá disso. “Vamos ter, no mínimo, seis meses de uma situação económica catastrófica“, antevê o presidente da Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, em declarações à Rádio Observador.

ZAP //

32 Comments

  1. …potenciar a imunidade de grupo parece fazer sentido, mas tem um custo em vidas humanas brutal.
    Apesar de improvável, se surgir uma vacina em tempo útil e distribuída gratuitamente este cenário já se altera e salvam-se milhões de vidas.
    Decisões pragmáticas destas nunca são fáceis e não queria estar no lugar de quem as toma.
    Mas também estar a apostar tudo num tratamento/vacina em tempo útil parece-me muito ingénuo.

    • Vai aparecer uma vacina e tratamento. Não tenho qualquer dúvida. Mas também não tenho qualquer dúvida que antes do final do ano não chegará à maioria dos países. Há testes, ensaios, produção em massa, distribuição… tudo isso leva tempo. Este ano não teremos qualquer normalidade.

    • Você vai aceitar de bom grado que lhe injectem substâncias estranhas no seu corpo, sob a forma de vacina?

      Certamente sabe que a vacina contra a gripe é absolutamente ineficaz contra as novas estirpes de gripe que surgem todos os anos.

      Acredita mesmo que uma vacina é solução, sabendo que este vírus também é mutante? Ou é avençado de algum laboratório?

      Eu não aceitarei vacina alguma. Nem contra a gripe, nem contra CV, nem contra porra nenhuma.

      Esta estória da vacina deveria dar muito que pensar a quem tem olhos e cérebro. Fico-me por aqui. Quem quiser que pense.

      • A ideia da vacina é só proteger contra algumas das estripes do covid19. Naturalmente, como diz bem, vai continuar a haver vítimas do covid19, tal como há vítimas para a gripe. A vacina é só para ajudar a mitigar os futuros ciclos do covid19.

      • Completament d’acord, les vacunes, que les paga el sistema o les persones, són un gran negoci per la indústria farmacéutica.
        També la bomba al sistema inmunològic, al injectar substàncies extranyes al cos humà fa que pensar mal de les vacunes,

      • Olhos e cérebro é coisa que o amigo decididamente não tem. Todos os anos há uma vacina para a gripe. Os meus pais têm mais de 80 anos, tomam-na anualmente e não têm nunca gripe! Antes de se vacinarem todos os anos tinham.
        Procure falar do que sabe e deixe a ciência para os entendidos.

      • és mentira el que dic?.i Tu ,saps de que parles?, saps de qué i com estan fetes les vacunes? ah! i molta salut als teus pares!

      • Caro Pois, não vale a pena. Os loucos tomaram conta do manicómio e o Zap pouco faz para conter esta perigosíssima avalanche de falsidades e desinformação.

      • Se não sabes mais, não devias fazer considerações!…
        Decididamente, ter olhos e cérebro não é suficiente para pensar…
        Acreditar é para as religiões – na ciência comprova-se e, as vacinas já estão mais de que comprovadas – sem elas, provavelmente, tu nem existirias!…

      • Pensar?!
        A carneirada não sabe o que isso é!…
        Pensar dá trabalho, filtrar os pensamentos ainda mais, discernir o trigo do joio ainda muito mais, – a carneirada não tem opinião, apenas papagueia o que o MSM fala!…
        Se a carneirada soubesse ler a bula das drogas, como as vacinas, conseguisse interpretar mas isso seria exigir demasiado dela!…

      • Boa sorte, então. Já agora, deite fora a roupa e os óculos, abandone a sua casa, carro e TV, esqueça o telemóvel e procure uma gruta. Isso sim, é que é natural e funciona.

      • Indico que estude ao menos um pouco de biologia focada no tema. Todas as suas dúvidas serão respondidas e compreendidas. A ciência sempre foi e continuará sendo essencial para a vida.
        Cumprimentos.

  2. Camaradas, certamente as vacinas vão ter um grupo alvo em mente, tal como a vacina da gripe. Aguardemos por isto com calma, tentando proteger os nossos idosos e pessoas sensíveis como pudermos.
    Cumprimentos e saúde para todos

    • O grupo alvo em mente chama-se “humanidade”.

      Em caso de dúvida é favor contactar o Bill Gates que ele explica qual o plano.

      • Verdade, verdadinha!
        Eu sugiro que deixem de ir comprar pão à padaria da esquina. Assim, o padeiro lixa-se porque deixa de ganhar dinheiro à vossa custa…
        Garanto que o negócio dele vai afundar!

    • Esses bandidos das farmacêuticas…
      Quem precisa deles quando tem deuses, astrólogos, reiki, homeopatas, acupunctura, videntes, etc, etc para salvar a humanidade?
      Quando estiveres mesmo doente, não recorras aos tratamentos da farmacêuticas; recorre aos dos charlatães, perdão, dos curandeiros e depois anda cá contar como correu!…

      • Há charlatões em todas as áreas. Verdade seja dita, a industria farmaceutica tem uma enorme influência no sector da saúde, em que o objectivo é aumentar os lucros todos os anos. Resta a moral (ou falta dela) dos intervenientes dentro dessa estrutura

      • Sim, claro mas, a diferença é que a ciência é comprovável!
        Pode haver (e houve, há e haverá) charlatães na industria farmacêutica, mas, mais cedo ou mais tarde, a ciência desmascara-os.
        Já a homeopatia, astrologia, videntes, etc, continuam aí – a encher os bolsos com o dinheiro dos menos informados/mais limitados!…

    • Esses bandidos das farmacêuticas…
      Com amigos como a seita das farmacêuticas, políticos, religiôes e ciência da treta, quem é que ainda necessita de inimigos!…

  3.  “ Se num mundo infestado de doença fosse possível comprar a cura, só existiam os ricos, o que seria então deles, ou seja, quem produzia riqueza nesse mundo só de ricos?? “ 15/05/2012

  4. imunidade de grupo”, nota o virologista, realçando que num cenário de pandemia seria “a melhor opção possível: propaga-se rapidamente, permitindo criar imunidade populacional, em 94% dos infectados provoca apenas uma constipação, nem sequer uma gripe, e só afecta gravemente um grupo populacional”essa seria a solução do imediatismo humano. Com todo avanço da ciência ,mas todavia nos mostramos totalmente vulneráveis isso tudo nos mostra que afinal de contas a Deus não somos nada

    • O que nos mostra é que esse teu Deus se está pouco cagxndo para a humanidade!…
      Quando estiveres mesmo doente, não recorras à ciência – vai ter o o teu Deus e pode ser que aprendas do pior modo que a realidade é bem diferente dessas estorinhas medievais!…

      • Bem respondido. Vai haver um conjunto de imbecis que vai apanhar um susto do maior, mas infelizmente 94% deles vai-se safar e achar que foi milagre e que Deus os ama. Entretanto, 6% das pessoas sensatas e inteligentes que estas bestas contaminam vai morrer. 🙁

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