Famosos flocos de milho chegaram às mesas de pequeno-almoço há quase 120 anos de mãos dadas com religião e vegetarianismo, mas de punho erguido contra os estimulantes, refeições que empanturram e… masturbação.
Criados há 126 anos, os Corn Flakes da Kellog’s tornaram-se presença assídua nas mesas de pequeno-almoço um pouco por todo o mundo a partir de 1906, ano em que foram comercializados pela primeira vez. No entanto, as suas origens são mais “estaladiças” do que se pode pensar: o famoso cereal de milho tem uma ligação inesperada às crenças morais e religiosas de um dos irmãos que o criaram, John Harvey Kellogg.
O típico pequeno-almoço dos mais ricos do final do século XIX incluía alimentos para os quais olharíamos com nojo se os víssemos à mesa logo pela manhã: pratos de carnes assadas, carnes frias e bifes eram escolha frequente para começar o dia.
Adventista do Sétimo Dia e gestor do Sanatório de Battle Creek, uma unidade de saúde no estado norte-americano de Michigan alinhada com os ideais da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Kellogg, médico de profissão, não era fã destes hábitos alimentares.
O empresário, que segundo o History, de fato branco e catatua ao ombro instava a todos à sua volta a seguir o seu estilo de vida saudável, era um grande defensor do vegetarianismo e da abstinência de todos os estimulantes, como o café e o chá. Acreditava na ingestão de alimentos simples que, para si, mantinham a pureza do corpo e da alma.
A sua filosofia estendia-se até uma crença pouco convencional: Kellog considerava as refeições excessivas, gordas e de ‘encher o papo’ contribuintes para a decadência moral. Nessa decadência, incluem-se os desejos sexuais indesejados.
Segundo o site Snopes, o empresário era bastante aberto em relação aos males que acreditava serem trazidos pela masturbação — tanto para rapazes, como para raparigas. As escolhas alimentares, entre outros fatores, influenciavam esses comportamentos.
Em resposta à alimentação “decadente” dos americanos, Kellog quis promover alimentos mais leves, mais saudáveis e menos estimulantes. Os Corn Flakes surgiram como parte desta missão — um cereal simples, algo desenxabido e pronto a comer, alinhado com a sua visão de saúde física e disciplina moral.
O cereal enquadrava-se nesses ideiais de Kellog, mas por outro lado o médico nunca comercializou explicitamente os Corn Flakes como uma refeição matinal anti-masturbatória, nem há qualquer referência oficial a religião ou masturbação, atualmente, na página da história da Kellog’s.
Hoje, os Corn Flakes estão muito longe das suas origens moralistas. Crocantes e leves, feitos a partir de grãos de milho cozidos, laminados e torrados, ainda são vendidos por todo o mundo, mas perderam espaço dentro da Kellog’s para outros cereais.
De acordo com o Zippia, os Frosted Flakes são, atrás dos Cheerios, a segunda marca de cereais mais vendida nos EUA. São iguais aos Corn Flakes, mas com uma pequena (grande) diferença: têm cobertura de açúcar. Será que Kellog estaria orgulhoso?