Um relatório do Instituto Coreano para a Unificação Nacional (KINU) sugere que a Coreia do Norte executou os seus cidadãos por violarem as regras de quarentena da covid-19 durante a pandemia.
A informação chega do testemunho de um desertor que chegou à Coreia do Sul em 2023, fornecendo uma visão sem precedentes sobre a forma como o país lidou com as medidas relacionadas com a pandemia.
De acordo com a KINU, as autoridades norte-coreanas terão organizado execuções públicas para aqueles que violaram as medidas de quarentena. O relato deste desertor constitui a primeira prova tangível de que o regime aplicou medidas tão extremas em resposta às violações do protocolo covid-19.
A Coreia do Norte tinha anteriormente emitido um aviso a ameaçar com a pena de morte a venda ilegal de medicamentos na sequência do primeiro surto de covid-19 no país, em maio de 2022. Durante a pandemia, o regime aplicou leis de emergência, incluindo regras rigorosas de máscaras e desinfeção, para impedir a entrada e a propagação do vírus. Havia inclusive a ordem de atirar à vista na fronteira.
Martin Weiser, um investigador especializado na política de direitos humanos da Coreia do Norte, salientou que a pena de morte por violação da quarentena foi estipulada através de alterações à “Lei de Prevenção de Doenças Infeciosas” e à “Lei de Emergência Anti-epidémica”.
No entanto, sublinhou que as execuções estavam reservadas para casos extremamente graves, embora a lei não definisse explicitamente o que constituía tal gravidade, escreve a NK News.
Embora o relatório esclareça as consequências das violações das regras da pandemia, também aborda as dinâmicas de género na Coreia do Norte. Os desertores recentes mencionaram uma ligeira melhoria nas posições das mulheres, com mais promoções para cargos de gestão desde a proeminência de Kim Yo-jong, a irmã de Kim Jong-un, em 2018. Apesar disso, o relatório sublinha que as hierarquias baseadas no género persistem no país.