A Coreia do Norte avisou Donald Trump para se abster de qualquer “ato irresponsável”, no primeiro dia de uma viagem do Presidente norte-americano à Ásia, dominada pelas ameaças nucleares norte-coreanas.
Rodong Sinmun, o jornal do partido único no poder na Coreia do Norte, noticiou que certos norte-americanos defendem a destituição de Donald Trump e que as suas declarações controversas são suscetíveis de provocar “um desastre nuclear no continente americano”.
O Presidente norte-americano, acrescenta o jornal, é “espiritualmente instável”.
O Presidente dos EUA iniciou hoje uma visita de nove dias à Ásia, que o levará ao Japão, Coreia do Sul, China, Vietname e Filipinas, marcada pela ameaça nuclear norte-coreana e renegociação de acordos comerciais.
“Creio que vamos ter um grande êxito. Vamos falar de comércio. Obviamente que vamos falar da Coreia do Norte”, afirmou Trump aos jornalistas antes da partida, ainda em Washington.
Já em Tóquio, o chefe de Estado norte-americano preveniu que “nenhum ditador” deve subestimar “a determinação da América“.
Apesar de não ter mencionado diretamente a Coreia do Norte, advertiu que “nenhum país pode impor-se às capacidades militares norte-americanas”, e assinalou que as tropas dos EUA “não irão vacilar nem um instante diante de qualquer ameaça”.
A agenda oficial de Trump em Tóquio começa na segunda-feira, com uma série de reuniões bilaterais, uma partida de golfe com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e uma visita à família imperial japonesa. Trump também se desloca à base aérea de Yokota, para falar com tropas norte-americanas ali estacionadas.
Trump e Abe também deverão reunir-se com “familiares de japoneses sequestrados pelo regime norte-coreano”, indicou um responsável norte-americano, citado pela agência EFE.
No decorrer da visita à Coreia do Sul – que coincide com o primeiro aniversário da vitória de Trump nas eleições americanas – o Presidente dos EUA estará num jantar de Estado com o presidente Moon Jae-in e fará um discurso na Assembleia Nacional (Parlamento sul-coreano).
Trump não visitará a zona desmilitarizada que divide as duas Coreias, mas viaja a Camp Humphreys, uma base militar norte-americana 70 quilómetros a sul de Seul.
O Presidente norte-americano aterra na China na tarde de quarta-feira. Apesar de a ameaça norte-coreana estar em cima da mesa na reunião com os dirigentes chineses, o outro foco da conversa será a relação comercial bilateral.
Trump terá como prioridade pressionar o gigante asiático no sentido de tornar mais “justa” e equilibrada a relação comercial com os Estados Unidos.
A partir de dia 10, participa no Fórum de Cooperação Económica da Ásia-Pacífico (APEC), em Da Nang (Vietname). Já nas Filipinas, o Presidente dos EUA participa primeiro na Cimeira da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e depois na EAS.
A Casa Branca realçou que Trump pretente sublinhar o compromisso dos EUA para com toda a região do Índico-Pacífico, sobretudo após a sua decisão de afastar os Estados Unidos do Tratado de Associação Transpacífico (TPP).
No decorrer da APEC, Trump poderá manter uma reunião bilateral com o Presidente russo, Vladimir Putin – que também estará presente na cimeira -, mas até ao momento não está marcado qualquer encontro entre os dois.
Este périplo internacional será o mais longo realizado por um Presidente dos Estados Unidos desde 1992, na altura com o presidente George H.W. Bush. Essa visita ficou conhecida porque Bush ficou doente e vomitou em cima do primeiro-ministro japonês, no decorrer de um jantar oficial.
O titular da Casa Branca tem-se envolvido numa espiral de ameaças belicistas e de insultos pessoais com o dirigente norte-coreano Kim Jong-Un. Perante a assembleia geral da ONU, Trump ameaçou mesmo “destruir completamente” o regime.
O Rodong Sinmun evocou o senador republicano Bob Corker, que preside à Comissão dos Negócios Estrangeiros, bem como outras personalidades norte-americanas, reportando que acusam Trump de agravar, sem razão, as tensões com a Coreia do Norte.
As tensões subiram de tom após o sexto ensaio nuclear realizado em setembro pela Coreia do Norte. O país multiplicou igualmente os disparos de mísseis, afirmando ser capaz de alcançar com fogo nuclear o continente americano.
ZAP // Lusa