Na era digital, quase tudo é possível. Uma equipa de químicos de Harvard desenvolveu um novo sistema que utiliza misturas de sete corantes fluorescentes disponíveis comercialmente para armazenar ficheiros de dados.
É comum pensarmos no armazenamento digital como algo permanente, mas a maioria dos dados que guardamos num disco rígido, pen drive ou CD-ROM provavelmente não irá sobreviver mais do que 20 a 40 anos.
Com esse obstáculo em mente, investigadores de Harvard criaram uma alternativa de armazenamento de dados a longo prazo, utilizando corantes fluorescentes.
Em laboratório, os cientistas usaram uma impressora a jato para depositar pequenas gotas de corante fluorescente numa superfície epóxi, à qual se ligam quimicamente. Cada ponto é composto por uma mistura de até sete cores de corantes diferentes que, por sua vez, servem como bits para caracteres binários do American Standard Code for Information Interchange (ACSII).
Segundo o New Atlas, cada bit ou é um 0 ou um 1, dependendo se um corante específico está ausente ou presente, respetivamente.
O portal explica que quando os investigadores usam um microscópio de fluorescência para analisar os diferentes comprimentos de onda da luz emitida por esses pontos, ficam a saber quais as cores presentes em cada um deles e, consequentemente, o caracter que representa.
O sistema tem uma taxa de leitura de 469 bits por segundo – que é, alegadamente, um método de armazenamento mais rápido do que qualquer outro de informação molecular – e pode armazenar 1.407.542 bits numa superfície de 7,2 x 7,2 mm.
Além disso, os dados do corante podem ser lidos 1.000 vezes sem uma perda significativa na intensidade da fluorescência.
Os cientistas estimam também que os dados armazenados desta forma podem permanecer legíveis durante milhares de anos. Além disso, não seriam suscetíveis a danos causados pela água, não poderiam ser pirateados remotamente, não estariam sujeitos aos limites de tamanho dos sistemas de armazenamento existentes e o armazenamento não exigiria qualquer energia.
A equipa codificou a primeira secção de um famoso artigo de investigação do cientista inglês Michael Faraday, juntamente com uma imagem JPEG. Os investigadores chegaram à conclusão de que a informação poderia ser lida posteriormente com uma taxa de precisão de 99,6%.
O artigo científico foi publicado este mês na ACS Central Science.