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Copa América (também) vai começar. E há tanto por explicar…

O pré-Brasil, o Brasil, o coronavírus, o formato do torneio e a qualificação para o Mundial. Muitos protestos à volta da 47.ª edição da Copa América.

As atenções na Europa concentram-se no Euro 2020 mas, no mesmo fim de semana, vai começar também a Copa América. A 47.ª edição, tal como o Europeu, iria ser realizada no ano passado mas o coronavírus adiou o torneio.

A prova – a mais antiga entre seleções – já tinha sido adiada um ano, em 1918, devido a outra pandemia: a gripe espanhola. Curiosamente, em 1918 o Brasil iria ser o país anfitrião. E foi mesmo, mas no ano seguinte.

Já havia dúvidas no ano passado

Argentina e Colômbia iriam receber os jogos, em 2021. Pela primeira vez, dois países iriam ser o palco da Copa América. Já aí surgiu alguma confusão: Argentina e Colômbia não são propriamente vizinhos. A Argentina fica no extremo sul da América do Sul, a Colômbia no extremo norte.

Seria um desgaste extra para os jogadores mas, a 20 de maio, foi anunciado que a Colômbia não iria acolher o torneio, por causa dos protestos constantes e violentos contra as decisões do presidente local Iván Duque Márquez.

No dia 30 de maio também a Argentina ficou fora da lista de anfitriões. A exclusão argentina deveu-se aos números da pandemia.

No dia 31 foi confirmado que, tal como na última edição (2019), o Brasil vai receber todos os jogos da Copa América. Brasília, Cuiabá, Goiânia e Rio de Janeiro serão as cidades anfitriãs, no país que tem apresentado a situação mais preocupante da América do Sul, no que diz respeito ao coronavírus.

Mais uma Copa, a de Bolsonaro

Esta será a quarta edição da Copa América…em seis anos. A de 2015 e de 2019 foram “normais”, realizadas com um intervalo de quatro anos. Em 2016 teve lugar uma edição especial, para assinalar o centenário do início do torneio. Para 2020 – agora 2021 – ficou marcada a primeira edição que iria coincidir, propositadamente, com o período do Europeu.

Os jogos vão ser realizados num país que está quase a registar 500 mil mortos devido ao coronavírus. No entanto o presidente Jair Bolsonaro reagiu com um rápido “sim” quando o Brasil foi chamado à última hora para receber a prova.

Dentro da seleção brasileira surgiram protestos. Os jogadores e os treinadores não gostaram de não terem sido informados antecipadamente de que seria o Brasil a acolher o torneio – no dia anterior ao anúncio oficial, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol esteve com os jogadores mas nem falou sobre o assunto.

Razões para a contestação

Tem sido também visível que os futebolistas brasileiros não concordam com a escolha do seu país porque têm noção do impacto que a pandemia continua a ter.

Outro motivo para o protesto está relacionado com a qualificação para o Mundial 2022. Quase todos os jogadores da seleção brasileira alinham em campeonatos europeus, que já terminaram; por isso, vão abdicar de parte das férias para estar nesta controversa Copa América. Mas não se importariam de abdicar de parte das férias para jogar para a qualificação para o Mundial. É que ainda faltam 12 jornadas nesse torneio de qualificação sul-americana. E duas dessas rondas ainda não têm data definida.

Houve conversas com o objetivo de o detentor do troféu não participar desta vez. Mas vai jogar. Com elementos contrariados.

E ainda há mais: o formato do torneio. Desta vez a Copa América não tem convidados. Terá 10 seleções, divididas em dois grupos. Serão cinco jornadas na fase de grupos, que se vai prolongar por duas semanas, e depois só uma seleção em cada grupo irá para casa. Das 10 equipas, oito continuarão em prova, depois de duas semanas de jogos.

Nesta quinta-feira havia alguma expectativa em relação à decisão do Supremo Tribunal Federal brasileiro, que no entanto autorizou a realização desta confusa Copa América.

Só joga quem quiser. E a FIFPro, entidade que representa os futebolistas profissionais, já anunciou que apoia todos os que recusarem jogar no Brasil.

No meio disto tudo, o campeonato brasileiro vai continuar. Oito equipas ficarão sem atletas durante o torneio, com destaque para o bicampeão Flamengo, que não contará com cinco dos seus principais jogadores. O Flamengo tentará a paragem das competições nacionais mas não deverá ter sucesso.

E, no meio disto tudo, a Copa América vai mesmo arrancar. No domingo, dia 13, com o encontro entre Brasil e Venezuela.

Nuno Teixeira, ZAP //

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