Só dois irmãos, que vivem há cerca de 40 anos no Convento de Nossa Senhora do Desterro, na Serra de Monchique, valeram ao monumento do século XVII quando o incêndio que ardeu na zona, durante vários dias, comeu tudo à volta.
O jornal Sol conta como António e Vidaúl, dois irmãos que vivem no monumento abandonado há cerca de 40 anos, enfrentaram sozinhos as chamas, salvando o Convento do fogo que não deixou nada à volta.
Apesar da coragem para enfrentarem o incêndio que lavrou durante seis dias, recusam heroísmos. “Sou só um pobre diabo que aqui ando, sempre fui. Tenho uma vida de merda”, diz António ao semanário.
Os dois irmãos viveram quase toda a vida no Convento, depois de os pais se terem revoltado contra o pouco que ganhavam a cultivarem as terras de uma família rica na Serra de Monchique, na década de 1970. A família acabou a viver no monumento, juntamente com outras pessoas de poucas posses.
Acabaram por tornar-se nos únicos ocupantes do edifício de estilo manuelino, à medida que os outros moradores foram indo embora. E chegaram a pagar renda para lá morarem.
Actualmente, só Vidaúl reside no monumento, já que António, cujos dois filhos também cresceram no Convento, se mudou recentemente para uma casa na vila de Monchique.
Fundado em 1631, por Pêro da Silva, como nota o Sol, o Convento de Nossa Senhora do Desterro está abandonado há vários anos. O facto de o edifício ter vários proprietários estará a complicar a sua eventual recuperação.
Marcelo recusa “triunfalismos” injustificados
O Presidente da República foi finalmente a Monchique, depois de dominado o fogo, para sublinhar que não é a ausência de vítimas mortais que traz “consolo” à população, recusando entrar em “triunfalismos” injustificados.
“O que eu sugeriria humildemente era o seguinte: sem triunfalismos, que não se justificam, sem juízos negativos definitivos já, mas sim preocupações, desabafos e sugestões para o futuro. Vamos terminar esta batalha, esta guerra e esta época [de incêndios]”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
O Chefe de Estado respondia assim à saída de um ‘briefing’ no posto de comando da Protecção Civil, instalado no centro da vila de Monchique, a alguns populares e a um vereador da autarquia, que o questionaram sobre a apreciação feita na sexta-feira pelo Governo à operação de combate ao incêndio, além de se queixarem de falta de coordenação, de comunicações e de meios parados, por exemplo.
ZAP // Lusa
Há dias, o convento tinha ardido COMPLETAMENTE; agora já se “salvou graças a dois irmãos”… em que ficamos?!
“O convento de Monchique, já em ruínas, foi completamente consumido pelas chamas”
http://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/filhas-desesperadas-a-procura-do-pai-que-desapareceu-nos-fogos-de-monchique
Como é que não há de haver tanto disparate na opinião publica, se os media dizem uma coisa e passados alguns dias dizem o seu contrário?!
Enfim…
Esta notícia reforça a minha teoria, já aqui expressa, que a grande falha pertence à coordenação. A protecção civil, seja lá o que isso for, só atrapalhou a acção dos bombeiros, que deveriam ser os especialistas no combate aos incêndios, e a defesa do património por parte dos residentes, tendo a GNR atentado contra a liberdade das pessoas que não queriam abandonar os seus bens. Algumas pessoas tiveram que se esconder para não serem arrastadas pela GNR. Na minha opinião, é tempo de avaliar a utilidade dos serviços da ANPC e de esta ser extinta para evitar que se continuem a repetir estes atentados à natureza. Afinal, um dos países mais pequenos da Europa, teve a maior área ardida conhecida até à data. O que vai ser daqueles que viram os seus bens destruídos pelo fogo, será que os responsáveis pela coordenação dos meios de combate aos incêndios, que os abandonaram, os irão ressarcir das perdas? As casas de segunda habitação também são bens e são perdas incalculáveis para os seus donos. E os barracões, agrícolas ou oficinas, com máquinas nos seus interiores, não tiveram custos e não são necessários para os seus proprietários? Quem se responsabiliza pela incapacidade no combate aos incêndios que permitiram estas perdas?
É só a minha opinião e vale o que vale…
Caro José Raúl, bom dia. Subscrevo a sua opinião. A aldeia do meu Pai, no concelho da Pamp. da Serra, escapou ao fogo algumas vezes, porque os bombeiros lá estiveram, tem o rio Ceira e ajudou muitas outras aldeias vizinhas a terem as suas chamas apagadas. No entanto, nos fatídicos dias 15/16 Out. de 2017, tal sorte não se lhes assistiu… nem bombeiros, nem luz, nem água, nem comunicações, não tinham NADA! As pessoas fecharam-se todas dentro de uma casa melhor, com animais à mistura e esperaram, em desespero, achando que iam todos morrer queimados… não morreu ninguém, mas os bens…. havia terrenos limpos, sim: o do meu Pai e outros, em redor da minha casa e de outras, mas mesmo assim…. Esta “moda” da ANPC e outras, sinceramente; eu não sou contra o progresso, mas cada vez o nosso País arde mais e cada vez há mais progresso e modernização! Não se compreende. Um bem haja a todos e as minhas palavras de alento, força e esperança.