// Depositphotos

A marca de moda italiana Prada anunciou esta quinta-feira ter chegado a um acordo definitivo com o grupo norte-americano Capri Holdings para adquirir 100% da sua rival Versace por 1,25 mil milhões de euros — um negócio que chegou a estar em risco e devido à guerra comercial de Donald Trump.
A fusão das duas lendárias marcas criará um grupo italiano de luxo com receitas anuais de mais de 6 mil milhões de euros, permitindo-lhe competir com outros gigantes do setor, como as francesas LVMH e Kering.
“Estamos muito felizes por receber a Versace no grupo Prada e construir um novo capítulo para uma marca com a qual compartilhamos um forte compromisso com a criatividade, o artesanato e o legado”, disse Patrizio Bertell, chairman do grupo Prada, num comunicado citado pela agência AFP.
Este acordo contraria a tendência dos últimos anos, que viu grandes nomes da moda italiana, como Gucci, Fendi e Bottega Veneta, passarem para as mãos dos seus concorrentes franceses, nota a AFP.
Segundo a Reuters, a Prada está a tentar expandir-se, depois de ter desafiado o abrandamento da procura de produtos de luxo nos últimos anos: Por outro lado, a Versace tem vindo a registar prejuízos nos últimos trimestres.
O futuro grupo italiano ainda está longe dos gigantes franceses: as receitas da LVMH chegaram a quase 85 mil milhões de euros em 2024 e as da Kering a 17 mil milhões de euros.
A Capri Holdings, que adquiriu a Versace em 2018 por 1,83 mil milhões de euros, teve que aceitar uma redução acentuada no valor conseguido com a venda, num contexto económico instável devido à crise no setor de luxo e à guerra comercial lançada por Donald Trump nas últimas semanas.
Segundo o Financial Times, o objetivo inicial da transação era de cerca de 1,4 mil milhões de euros, mas o valor foi negociado em baixa nos últimos dias.
Fundada em 1978 pelo designer Gianni Versace e o seu irmão Santo, a Versace é um ícone da moda italiana, conhecida pelo seu estilo ostensivo. Mas a marca perdeu parte da sua aura de prestígio (e volume de vendas) desde a sua aquisição pela Capri Holdings.
Embora os seus estilos sejam opostos, com a exuberância barroca da Versace em contraste com o minimalismo sofisticado da Prada, a união das duas icónicas marcas pode render resultados positivos, diz à AFP o consultor de design Antonio Bandini Conti.
“A Prada será capaz de ressuscitar uma marca que estava a morrer e dar-lhe uma nova vida, uma nova luz”, considera Conti.