Orçamento do Kremlin apresenta um défice 14 vezes maior do que há um ano. Só em Janeiro, o défice atingiu 60% do que estava previsto… para 2023 inteiro.
Vladimir Putin e outros governantes da Rússia têm repetido a ideia de que as centenas de sanções aplicadas ao seu país, desde que a guerra na Ucrânia começou, não prejudicam a economia local.
Aliás, até tem sido sugerido que agora a Rússia está melhor, que as empresas russas vão crescer – e até já começaram as aulas aos mais novos sobre como impulsionar a economia nacional, longe do Ocidente.
Mas os números do próprio Kremlin voltaram a desmentir esse cenário. Desta vez com contabilidade mais evidente.
Nesta segunda-feira foi divulgada a estimativa preliminar do orçamento federal da Rússia do mês passado, Janeiro.
As receitas, revela o comunicado, foram de quase 18 mil milhões de euros. São receitas 35% menores do que em Janeiro de 2022.
Neste aspecto, sem surpresas, destaca-se a queda de 46% nas receitas de petróleo e gás.
O ministério das Finanças explica que este decréscimo se deve principalmente a uma queda nas cotações do petróleo dos Urais (o mais negociado na Rússia) e uma queda nas exportações de gás natural.
Para combater esta tendência, “estão a ser desenvolvidas abordagens para mudar para indicadores de preço alternativos para fins fiscais”.
As receitas não relacionadas com petróleo e gás também caíram: 28%, principalmente devido a uma redução no IVA doméstico e nas receitas do IRS.
Aqui também há uma explicação: a diminuição das receitas do IVA deveu-se ao procedimento acelerado de reembolso do IVA (introduzido a partir de Abril de 2022).
O Governo assegura que o volume de receitas não petrolíferas e de gás “está em linha” com o que estava previsto no orçamento.
Mas o que não estava previsto no orçamento é o défice: 23 mil milhões de euros. É um défice 14 vezes maior do que o contabilizado em Janeiro do ano passado, avisa a agência Interfax. Há um ano, o orçamento foi executado com um superavit de 1.6 mil milhões de euros.
O portal RBC acrescenta: este défice do mês passado, além de ser um recorde mensal, já representa 60% do que estava previsto para o ano inteiro (38 mil milhões de euros era a previsão para 2023). Mais de metade do que estava previsto para 12 meses já surgiu logo no primeiro mês.
Apesar de tudo, escreve o ministério das Finanças da Rússia, as estimativas preliminares da execução do orçamento federal “correspondem à dinâmica estabelecida na formação das principais características para 2023 no âmbito da lei orçamentária”.
E, mesmo que haja um “desvio” nas receitas de petróleo e gás, vai haver “sustentabilidade do sistema orçamentário e fortalecimento da estabilidade macro-económica e financeira” da Rússia.
18 milhões, 18 mil milhões… vai dar ao mesmo!
Caro leitor,
Obrigado pelo reparo, está corrigido.