A missão de Jorge Moreira da Silva já era difícil, mas complicou-se nos últimos dias depois dos apoios de peso que Luís Montenegro tem somado. Os contactos com as estruturas e os homens fortes do terreno vão continuar e intensificar-se, mas parece certo que nem a herança do rioísmo lhe vai dar uma vitória. Pelo contrário: o fosso entre os candidatos é cada vez mais evidente.
Luís Montenegro conquistou as ilhas: na Madeira, está seguro o apoio de Alberto João Jardim, ex-presidente do Governo Regional, enquanto nos Açores é José Manuel Bolieiro quem se desfaz em elogios ao antigo líder parlamentar.
A escassas três semanas das diretas do PSD, a máquina de Jorge Moreira da Silva está enfraquecida face à de Luís Montenegro, mesmo que a estratégia passe por agregar em torno de um homem só a forte influência do rioísmo.
Os três homens que ajudaram a garantir a vitória de Rio nas últimas eleições estão ao lado do antigo ministro do Ambiente. Carlos Eduardo Reis, com forte influência no distrito de Braga, assume o papel de diretor de campanha; Salvador Malheiro, vice-presidente do partido, ajuda a candidatura na sombra; e João Montenegro, secretário-geral adjunto, vai-se mantendo no barco, ainda que mais discreto.
Mas de todos os protagonistas que ergueram Rio ao trono, falta um dos mais preponderantes: José Silvano, o ainda secretário-geral do PSD, que já fez saber que não vai ajudar a aquecer os motores de Moreira da Silva, mantendo-se equidistante nesta campanha interna.
A base do candidato é a máquina do rioísmo, que, desfalcada, parece não chegar para ameaçar Luís Montenegro. Ainda assim, salienta o Observador, a equipa do ex-ministro não desespera e mantém a confiança num bom resultado.
Há outras duas variáveis que podem ser determinantes no dia D: por um lado, o efeito anti-Montenegro; por outro, o voto livre.
Mas o facto de só existirem 38 mil militantes em condições de votar mostra que o partido não está tão mobilizado como em eleições anteriores. Quando há menos gente a votar, há menos voto livre e isto reforça o poder de quem tem o apoio das estruturas: Luís Montenegro.
Outra das missões de Moreira da Silva até final de maio será contrariar a perceção de que o jogo está entregue ao adversário. É por esse motivo que, à medida que a data se aproxima, será cada vez mais determinante vender a ideia de que é possível contrariar as probabilidades.
O balanço não deixa dúvidas: Montenegro tem o crachá do favoritismo, mas as tropas de Moreira da Silva são embaladas também pela surpresa da derrota de Paulo Rangel, que dominava o mesmo aparelho que o antigo líder parlamentar domina. As contas complicam-se, mas até à eleição não há impossíveis.
Faltam 22 dias. O sucessor de Rui Rio é eleito a 28 de maio e o Congresso laranja tem data marcada para 1 a 3 de julho.
O Rioismo foi um fiasco tremendo. E Moreira da Silva é um tipo apagado, que não galvaniza. Montenegro vence com facilidade.
O que é pena …porque JMS é de longe mais compentente e com mais potencial