Confrontado pela oposição, autarca de Setúbal remete-se ao silêncio sobre acolhimento de refugiados

Vitaliy Hrabar / EPA

Refugiados ucranianos na fronteira com a Polónia.

Refugiados ucranianos na fronteira com a Polónia.

Autarca justificou o silêncio com os inquéritos que decorrem atualmente e que devem dar aos vereadores mais informações 

Irremediavelmente marcada pela polémica em torno do processo de acolhimento de refugiados e da suposta ligação de alguns responsáveis ao regime de Vladimir Putin, a reunião de ontem da Câmara de Setúbal evidenciou uma nova estratégia na comunicação de André Martins, presidente da autarquia. Confrontado pelos vereadores do PSD, Fernando Negrão e Sónia Martins, optou pelo silêncio . A mesma estratégia foi seguida a propósito da questão de Fernando José, representante do PS, que pretendia saber se “foi ou não aberta uma auditoria urgente e não programada, pelo novo encarregado da proteção de dados”.

Ainda assim, André Martins reconheceu que o nome da cidade estava “enlameado” à luz dos acontecimentos recentes e traçou uma linha da evolução dos acontecimentos e das reações que se sucederam: nomeadamente os inquéritos instaurados pelo Governo ou pela Comissão Nacional de Proteção de Dados. Usou, inclusive, estes processos para justificar a ausência de respostas e esclarecimentos, mesmo quando estes lhe eram pedidos diretamente. “Entendemos que, a partir deste momento e até à conclusão destas diligências, deveremos evitar voltar a comentar publicamente este assunto”.

Ainda assim, a oposição não deu tréguas, com Fernando Negrão a relembrar o autarca d’ Os Verdes que tal postura não poderá ser seguida no Parlamento, onde os deputados  o querem ouvir. “Se não discutimos isto, por que razão estamos aqui?”, questionou. Mesmo perante a falta de respostas, o social-democrata não deixou de elencar muitas das perguntas que pretendia ver respondidas.

O mesmo caminho foi seguido por Sónia Martins, também do PSD, que foi ainda mais longe do que Negrão ao afirmar que “a confirmar-se” todas as notícias “o presidente da Câmara e o Executivo têm de se demitir“.

Fernando José, vereador do PS, tentou encontrar uma justificação para a presença de Igor Khasin no gabinete de acolhimento a refugiados, uma vez que não preside à Associação Edintsvo, cargo ocupado pela sua mulher. “Tem de responder o que estava a Igor a fazer… Tem de responder!” No entanto, não conseguiu qualquer tipo de esclarecimentos adicionais, acrescentando que o autarca estava obrigado a responder.

Mesmo assim, André Martins deu o assunto como encerrado, ainda com uma nota de cinismo. “Não disse para os senhores não falarem sobre o assunto, mas como fui informado que uma destas entidades vai imediatamente iniciar o inquérito, evitarei ter declarações sobre o assunto. Não disse que os senhores vereadores não podiam falar disso”, afirmou, citado pelo Expresso.

ZAP //

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