O programa de televisão Pacific Island Food Revolution (PIFR) é um concurso de culinária que junta concorrentes das ilhas do Pacífico, como Fiji, Vanuatu, Samoa e Tonga. Embora pareça leviano, o concurso tem uma missão nobre.
Durante décadas, os habitantes das ilhas do Pacífico têm sido alvo de doenças cardíacas, diabetes e hipertensão.
A culpa é de uma dependência em todo o Pacífico de alimentos processados importados, com um elevado teor calórico, explica Wame Valentine, gestor de comunicações do PIFR, citado pelo Atlas Obscura.
Valentine lamenta que alimentos tradicionais, como abacaxi fresco ou frutos do mar, simplesmente não sejam tão atraentes ou bem comercializados quanto McDonald’s.
Doenças crónicas como diabetes são responsáveis por 70% das mortes em todo o Pacífico. Visto desta perspetiva, o assunto parece sério demais para ser resolvido com um concurso de culinária na televisão. Mas o apresentador do programa, Robert Oliver, garante que é mais eficaz do que ordens do médico ou campanhas governamentais.
A ideia partiu precisamente de Oliver, que quis fazer um programa centrado nos habitantes das ilhas do Pacífico, “com a sua comida, os seus líderes, o seu povo, a sua cultura”. Quando o Pacific Island Food Revolution estreou em 2019, tornou-se o primeiro programa televisivo focado em habitantes desta zona do planeta.
O conceito do programa é bastante simples: doze duplas de chefs qualificados competem nos seus países de origem pela oportunidade de enfrentar outros campeões nacionais nas finais. O programa tem como objetivo ser educativo e inspirador, além de divertido, explica Valentine.
O objetivo do programa é promover alimentos locais, como coco e mandioca. No entanto, os séculos de colonialismo tornaram esta uma tarefa bem mais árdua do que devia ser.
Os concorrentes são desafiados a usar ingredientes locais, desde refeições escolares a pratos baseadas em hidratos de carbono nativos, como o taro, em vez de arroz branco importado.
Uma sondagem a espectadores regulares teve 66% dos entrevistados de Vanuatu a dizer que mudaram a sua dieta devido ao PIFR, com Fiji e Samoa logo atrás. As audiências são altas não só nos países que participam, mas também noutras nações do Pacífico, como a Papua-Nova Guiné, por exemplo.
“É uma mudança de mentalidade”, atira Oliver. “As pessoas estão a dizer que o que consideravam comida de aldeia e comum agora é comida sexy de TV”.