Sindicatos lamentam que o Governo não tenha abordado questões essenciais em “matérias que precisam de ser alteradas”.
Confederações patronais e sindicatos consideraram a proposta apresentada ontem, no âmbito de um Acordo de médio prazo para a Competitividade e Rendimento, “insuficiente“, “desfasada da realidade” económica atual e “pouco concreta na quantificação das medidas”. João Vieira Lopes, presidente da Confederação de Comércio e Serviços de Portugal (CCP), afirmou ainda que as medidas não são “uma base aceitável para um acordo”.
Entre as falhas apontadas está a ausência de um “ajustamento à evolução da economia, em particular ao PIB”, mas também a incapacidade das medidas anunciadas serem relevantes para aliviar a pressão sobre as empresas. De acordo com o Expresso, foi ainda destacada a falta de concretização da proposta no que respeita à quantificação das medidas.
Foi neste mesmo ponto que foi tocar António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal, especificando o caso da redução do IRC para as empresas que aumentem os salários, defendendo uma clarificação da medida. O mesmo representante não recusa a possibilidade de um acordo firmado em contra-relógio, sublinhando a importância do diálogo.
Luís Mira, secretário-geral da Confederação de Agricultores de Portugal (CAP), disse mesmo não encontrar na proposta apresentada pelo Governo “nenhuma medida que leve a que a competitividade das empresas agrícolas vá melhorar. Acusou ainda o Estado de lucrar, em receita fiscal, com as medidas. “Há aumento do salário mínimo nacional, mas não vejo nenhum esforço objetivo do Estado em compensar na parte das receitas. Aumenta-se o salário mínimo, o salário médio, mas quem ganha com isto tudo acaba por ser o Estado com uma maior receita de impostos.
Por parte de Confederação do Turismo de Portugal (CTP), representada por Francisco Calheiros, a posição expressa é a de que o documento não passar de uma série de “linhas gerais e há muito trabalho a fazer”, disse, citado pelo Expresso.
Já os sindicatos lamentam que o Governo não tenha abordado questões essenciais em “matérias que precisam de ser alteradas”. Isabel Camarinha, por exemplo, criticou uma proposta que considera omissa e “muito insuficiente”. “Precisamos de responder agora à situação urgente que os trabalhadores vivem”, apontou, recordando que há trabalhadores que “não conseguem chegar ao fim do mês com salários que todos admitem que são baixos“.
O secretário-geral, Mário Mourão, preferiu destacar as negociações bilaterais que agora começa, onde espera que sejam alcançados consensos e disse esperar que seja possível consolidar uma nova proposta de documento que considere as preocupações de todos os parceiros e daqueles que representam.