Chen Wang
Descobertos os desagradáveis companheiros de viagem mais antigos dos humanos
Os piolhos vieram connosco nas várias migrações e colonizações que os nossos antepassados fizeram.
Num estudo recentemente publicado na revista científica PLOS ONE, os investigadores desvendaram um aspecto fascinante da relação entre humanos e piolhos, revelando pistas sobre as migrações antigas dos seres humanos.
A pesquisa, que envolveu a análise genética de 274 espécimes de piolhos humanos (Pediculus humanus) de diversas regiões geográficas, descobriu que os piolhos evoluíram juntamente com os padrões de migração e colonização humanas nas Américas, sendo os nossos companheiros de viagem mais antigos.
Os resultados indicam que os piolhos acompanharam os humanos em duas ondas distintas de migração para as Américas: inicialmente durante a travessia do Estreito de Bering pelos primeiros povos e, posteriormente, durante a colonização europeia.
As análises de ADN identificaram dois agrupamentos genéticos distintos de piolhos na cabeça. O primeiro com uma distribuição global e o segundo, concentrado principalmente na Europa e nas Américas, resultante de um evento de mistura entre populações de piolhos associadas aos primeiros humanos e aqueles trazidos pelos europeus durante a colonização, explica o Interesting Engineering.
Este segundo grupo genético revela uma mistura entre piolhos descendentes dos primeiros povos e piolhos europeus, evidenciando as rotas migratórias dos humanos. Além disso, os cientistas descobriram uma ligação genética entre os piolhos da Ásia e da América Central, o que apoia a teoria de que as pessoas do Leste Asiático migraram para a América do Norte e, de lá, expandiram-se para o sul, em direção à América Central. Até hoje, as populações modernas de piolhos na América Central mantêm vestígios genéticos dos seus antepassados asiáticos distantes.
Estes dados dã-nos novas percepções sobre os padrões migratórios e as ligações ancestrais entre as populações asiáticas e os povos indígenas das Américas, como também destacam a importância dos piolhos como “satélites” da nossa evolução.
