Um novo estudo pôs um ponto final num mistério que dura há 40 anos e descobriu como é que as células “comem” as substâncias que as rodeiam.
Da mesma forma que os nossos hábitos alimentares moldam o nosso corpo, a forma como as células “comem” tem um impacto significativo na saúde das mesmas.
A investigação, cujo artigo científico foi publicado na Developmental Cell, desmistificou a forma como a célula se adapta numa estrutura altamente curva que acaba por se transformar numa espécie de gaiola.
Segundo o professor de Física da Universidade Estatal do Ohio, Comert Kural, a curvatura da membrana controla a formação dos compartimentos que transportam substâncias para dentro e para fora da célula.
As bolsas capturam substâncias à volta da célula e formam-se em torno das substâncias extracelulares, antes de se transformarem em vesículas – pequenas bolsas com um milionésimo do tamanho de um glóbulo vermelho, detalha o Tech Explorist.
As vesículas transportam elementos essenciais para a saúde de uma célula, mas podem também ser desviadas por agentes patogénicos capazes de as infetar.
O mistério da formação destas bolsas a partir de membranas que anteriormente se acreditava serem planas permaneceu sem resolução durante quase 40 anos.
“Foi uma controvérsia nos estudos celulares. Fomos capazes de usar imagens fluorescentes de super-resolução para ver estas bolsas a formarem-se dentro de células vivas e conseguimos, assim, responder a esta questão de como são criadas”, resumiu Kural.
“As nossas experiências revelaram que os andaimes proteicos começam a deformar a membrana subjacente assim que são recrutados para os locais de formação de vesículas”, acrescentou o cientista.
Isto contrasta com hipóteses anteriores de que os andaimes proteicos de uma célula tinham de passar por uma reorganização de energia intensiva para que a membrana se curvasse.