Cerca de 500 mulheres já foram identificadas como vítimas de crimes sexuais, levadas a cabo por soldados russos, durante a invasão russa à Ucrânia e vão ser compensadas com ajuda financeira, médica e psicológica. Podem ser as primeiras de milhares.
Seja contra mulheres ou homens, a Rússia vem exercendo, desde 2014, violência sexual contra ucranianos como “estratégia militar”.
Segundo o Fundo Global de Sobreviventes, nos últimos 10 anos, milhares de mulheres ucranianas foram abusadas sexualmente pelos russos – das quais 500 vão já ser compensadas pela Ucrânia, com ajuda financeira, médica e psicológica.
“As reparações às vítimas de violações graves dos direitos humanos, incluindo as vítimas de violência sexual relacionada com conflitos, não são apenas um apoio económico. Trata-se de um passo importante para o restabelecimento da justiça”, disse ao The Guardian a primeira dama ucraniana, Olena Zelenska, citada pelo Jornal de Notícias.
É a primeira vez que sobreviventes são compensados durante um conflito ativo.
Lyudmila Huseynova é uma das vítimas. Conta, ao The Guardian, que, durante três anos e 13 dias, foi mantida numa cela sobrelotada – e, quando foi libertada, teve de reaprender a andar.
Para Lyudmila Huseynova, as compensações são um passo imporanteo, mas tornam-se inúteis se não forem acompanhadas de um “apoio holístico à saúde física e mental”, durante o tempo que for necessário: “O trauma da violência sexual não desaparece (…) Ainda acordo a meio da noite a sentir a forma horrenda como me tocavam e não consigo dormir”.
Mas as vítimas não são exclusivamente mulheres. Também há testemunhos de homens que sofreram torturas sexuais.
Ao The Guardian, Fedir Dunebabin, do Fundo Global de Sobreviventes (GSF) na Ucrânia conta que, “surpreendentemente”, os homens têm confessado os abusos e pedido ajuda: “Muitos homens sobreviventes estão a dar um passo em frente para lutar pelos seus direitos e pela justiça”.