A nave Rosetta não era o único objeto em redor do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko em 2015, de acordo com uma descoberta feita recentemente.
No início deste ano, o astrofotógrafo espanhol Jacint Roger estava a “passar os olhos” pelas imagens recolhidas pela Rosetta durante a observação do 67P e reparou num pequeno fragmento orbital nos registos do dia 21 de outubro de 2015, quando a nave estava a cerca de 400 quilómetros do cometa.
Jacint Roger publicou um GIF animado na sua conta do Twitter, em maio passado, mostrando o movimento deste objeto recém-identificado, que a ESA apelidou de “Churymoon”.
https://twitter.com/landru79/status/1126179023892242435
De acordo com a Agência Espacial Europeia, a lua terá apenas cerca de quatro metros de largura e um dia já fez parte do 67P. “A modelagem das imagens da Rosetta indica que este objeto passou as primeiras 12 horas após a sua ejeção num caminho orbital em torno do 67P a uma distância de 2,4 a 3,9 quilómetros do centro do cometa”, refere a equipa da ESA.
Depois disso, “a parte cruzou uma porção do coma, que parece muito brilhante nas imagens, dificultando o seu acompanhamento com precisão; no entanto, observações posteriores no lado oposto do coma confirmam uma deteção consistente com a órbita do objeto, fornecendo uma indicação do seu movimento em torno do cometa até 23 de outubro de 2015″, explica-se.
Os cometas ejetam constantemente detritos à medida em que se aproximam do Sol. Mas Churymoon é especial: “é provavelmente a maior porção detetada em torno do cometa e será alvo de mais investigações”, garante a ESA.
A Rosetta deixou a Terra em 2004 para perseguir e analisar o cometa 67P, um corpo celeste estudado minuciosamente e que os cientistas acreditam que esconde indícios da génese do nosso Sistema Solar. Só no final de 2014 encontrou o seu alvo e, pouco depois, ejetou a sua pequena Philae que viajou em direção ao 67P. Esta sonda de menores dimensões captou as primeiras imagens da superfície de um cometa.
Cometas são rochas geladas do sistema solar que normalmente têm órbitas oblongas e, quando se aproximam do Sol, aquecem e emitem gás e poeira para criar um tipo de “coma” (nuvem de poeira e gás que circunda o núcleo de um cometa) atmosférico e, às vezes, uma cauda.
O 67P é um desses exemplos, um objeto de dois lobos medindo até 40,2 quilómetros de diâmetro no seu lóbulo mais longo e 25,7 quilómetros de diâmetro no seu lóbulo mais curto. A sua órbita aproxima-o dos caminhos da Terra e de Júpiter.
A missão Rosetta foi a primeira a pousar um objeto feito por humanos num cometa. A missão também identificou o oxigénio molecular do 67P, o tipo que existe na Terra, que pode remontar ao início do sistema solar.
A jornada de 12 anos que inclui aproximações à Terra, Marte e a dois asteróides antes de chegar ao P67 chegou ao fim em setembro de 2016.