São oito as pessoas acusadas de incitar ao assassínio do professor que exibiu uma caricatura do profeta Maomé, morto à facada em 2020.
Todos sabem quem matou Samuel Paty. Abdoullakh Anzorov, o jovem de origem chechena que esfaqueou o professor, foi morto a tiro pela polícia nos minutos que se seguiram ao ataque, lembra a BBC.
Paty era professor de História numa escola secundária em Conflans-Sainte-Honorine, nos subúrbios ocidentais de Paris, e era muito apreciado por alunos.
No dia 6 de outubro de 2020, o professor deu uma aula sobre liberdade de expressão, fazendo recurso das conhecidas imagens da revista Chalie Hebdo, que tinha acabado de publicar novos cartoons marcar o início de um julgamento resultante do ataque de 2015, para as utilizar como exemplo.
No dia seguinte, uma das suas alunas, com 13 anos, disse ao pai que tinha sido castigada porque se atreveu a fazer frente ao professor quando este disse aos muçulmanos que saíssem da sala de aula para poder mostrar uma imagem do profeta nu.
Agora, sabe-se que isso é mentira: o professor pediu que os alunos desviassem o olhar se ficassem ofendidos, mas não os obrigou a sair da sala. Para mais, a rapariga não esteve sequer presente nessa aula. A jovem foi condenada a pena de prisão suspensa num tribunal de menores.
Cinco outros alunos foram também condenados por terem identificado Paty para Anzarov em troca de dinheiro.
Mas Brahim Chnina, o pai da rapariga, pediu-lhe que repetisse o episódio inventado para um vídeo, que publicou no Facebook. A história tornou-se rapidamente viral. Em poucos dias, a escola foi inundada com ameaças e mensagens de ódio de todo o mundo. Até que alguém levou a crítica mais além.
A denúncia tinha chegado ao conhecimento do refugiado checheno de 18 anos que vivia em Rouen. Este telefonou a dois amigos, que o ajudaram a comprar armas e estão agora a ser julgados. Um deles foi quem transportou o assassino no seu carro até à escola.
Quatro dos arguidos são pessoas com quem Anzorov conversou no Snapchat e no Twitter e que alegadamente o encorajaram. De acordo com a BBC, os arguidos admitem ter ligação ao caso, mas contestam as acusações de “associação terrorista” ou “cumplicidade para cometer um assassínio terrorista”.
O julgamento deve decorrer até ao final do mês de dezembro, num caso que continua a pairar sobre a França e os seus problemas com a liberdade de expressão.
E aqueles duches alemães da 2 guerra mundial